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UNICEF: Eventos climáticos extremos impactaram a educação de 242 milhões de estudantes em 2024

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[Foto: Ilustrativa / Gustavo Mansur/ Palácio Piratini]

Um novo relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), nesta quinta-feira (23/01), revelou que eventos climáticos extremos interromperam a vida escolar de milhões de crianças em 85 países em 2024. O documento destacou ainda, a necessidade urgente de sistemas educativos mais resilientes. Segundo os dados, no ano passado, 242 milhões de estudantes enfrentaram interrupções em suas atividades escolares devido a fenômenos como ondas de calor, ciclones, inundações e secas.

De acordo com o relatório Learning Interrupted: Global Snapshot of Climate-Related School Disruptions in 2024, as ondas de calor foram a principal causa de fechamento de escolas, com 118 milhões de estudantes afetados em abril. Na Ásia, países como Bangladesh e Filipinas registraram suspensões generalizadas de aulas, enquanto no Afeganistão, inundações repentinas danificaram mais de 110 escolas.

Outras regiões, como o Sul da Ásia e a África, também sofreram impactos. O Sul da Ásia liderou em interrupções, com 128 milhões de estudantes afetados, seguido pela Ásia Oriental e Pacífico, onde 50 milhões de alunos enfrentaram desafios climáticos. Na África, chuvas intensas e secas agravaram a crise educacional em várias comunidades.

O relatório mostra que no Brasil, mais de 1,17 milhão de crianças tiveram seus estudos prejudicados, principalmente por enchentes no Rio Grande do Sul e pela seca na Amazônia. As enchentes no Rio Grande do Sul afetaram mais de 2 mil escolas estaduais, impedindo o acesso às aulas de 741 mil estudantes. Já na Amazônia, a seca prolongada deixou cerca de 1.700 escolas sem atividades, impactando 436 mil alunos, incluindo mais de 100 instituições em áreas indígenas.

Desafios e soluções

O relatório destaca que a maioria das escolas em países de baixa e média renda não possui infraestrutura adequada para resistir aos impactos climáticos, prejudicando ainda mais crianças já vulneráveis. Em resposta, o UNICEF tem investido na construção de escolas resistentes ao clima, como em Moçambique, onde foram criadas 1.150 salas de aula para mitigar os efeitos de ciclones.

A Diretora Executiva do UNICEF, Catherine Russel, explica que as crianças são mais vulneráveis ondas de calor como ocorrem no ano passado ameaçam a saúde e impacta a educação a longo prazo.

As crianças são mais vulneráveis ​​aos impactos das crises relacionadas com o clima, incluindo ondas de calor, tempestades, secas e inundações mais fortes e mais frequentes”. […] “Os corpos das crianças são particularmente vulneráveis. Eles aquecem mais rápido, suam com menos eficiência e esfriam mais lentamente que os dos adultos. As crianças não conseguem concentrar-se em salas de aula que não oferecem proteção contra o calor sufocante e não conseguem chegar à escola se o caminho estiver inundado ou se as escolas forem destruídas. No ano passado, o mau tempo manteve um em cada sete estudantes fora das aulas, ameaçando a sua saúde e segurança e impactando a sua educação a longo prazo”, disse a diretora.

Segundo relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) ainda neste mês, 2024 foi o ano mais quente já registrado, marcando um ponto crítico na luta contra o aquecimento global. De acordo com dados analisados pela agência da ONU, a temperatura média global da superfície foi 1,55 °C superior à média pré-industrial de 1850-1900, tornando este o primeiro ano civil com uma temperatura média acima de 1,5 °C. A análise consolida uma década de recordes históricos, com os últimos 10 anos figurando entre os mais quentes desde o início dos registros em 1850. Este cenário evidencia os impactos crescentes do colapso climático, incluindo eventos climáticos extremos que afetaram milhões de pessoas em todo o mundo.

No inicio do mês, o o Inmet divulgou um balanço apontando que o ano de 2024 foi o mais quente no Brasil desde o início das medições sistemáticas, em 1961. A temperatura média anual alcançou 25,02°C, superando o recorde anterior de 2023, que teve uma média de 24,92°C. Os dados de 2024 indicam um aumento de 0,79°C em relação à média histórica das últimas duas décadas completas (1991-2020), que foi de 24,23°C. A tendência de elevação das temperaturas ao longo dos anos é considerada estatisticamente significativa, de acordo com o Inmet, e “pode estar associada à mudança no clima em decorrência da elevação da temperatura global e mudanças ambientais locais”.

Diante dos dados, a UNICEF pede que governos e líderes mundiais priorizem investimentos em educação resiliente às mudanças climáticas. Entre as recomendações estão:

  • Integrar educação climática nos currículos escolares;
  • Construir instalações educacionais adaptadas a condições extremas;
  • Garantir compromissos climáticos nacionais que protejam a educação das crianças.

“A educação é um dos serviços mais frequentemente interrompidos devido aos riscos climáticos. No entanto, é frequentemente ignorado nas discussões políticas, apesar do seu papel na preparação das crianças para a adaptação climática.O futuro das crianças deve estar na vanguarda de todos os planos e ações relacionados com o clima”, concluiu Catherine Russel.

*Com informações de UNICEF

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