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Joaquin Phoenix ganha “Melhor Ator” e faz discurso critico

[ Foto: Blaine Ohigashi / ©A.M.P.A.S. ]

O ator Joaquin Phoenix ganhou o Oscar de Melhor Ator por sua interpretação do personagem Coringa em filme de mesmo nome (“Joker”). Ao receber a estatueta, fez gesto para interromper os aplausos e inciou um discurso que silenciou o público (exceto por momentos de aplausos nos quais Joaquin Phoenix voltava a fazer gesto para a interrupção dos aplausos).

Em seu discurso o ator criticou a humanidade com argumentos coerentes, embora pouco comuns e inconvenientes para alguns. Fez também uma dura auto-crítica e generoso agradecimento a todos que lhe deram uma segunda chance.

Seu discurso não foi o único a ir além dos tradicionais agradecimentos. A festa de entrega da premiação teve também outros discursos que defenderam causas específicas, porém com tom menos duro e com criticas menos amplas.

Confira abaixo o discurso, em tradução e adaptação livres.

“Estou tão cheio de gratidão agora. Não me sinto elevado acima de nenhum dos meus colegas indicados ou de qualquer outra pessoa nesta sala, porque compartilhamos o mesmo amor, que é o amor pelo cinema. E essa forma de expressão me deu a vida mais extraordinária. Eu não sei onde eu estaria sem ele.

Mas acho que o maior presente que me foi dado, e muitas pessoas, foi a oportunidade de usar nossa voz para os que não têm voz. Tenho pensado em alguns dos problemas angustiantes que enfrentamos coletivamente.

Acho que às vezes sentimos, ou somos levados a sentir, que defendemos causas diferentes. Mas para mim, vejo comunalidade. Eu acho que, se estamos falando de desigualdade de gênero, racismo ou direitos homossexuais, direitos indígenas ou direitos dos animais, estamos falando sobre a luta contra a injustiça.

Amêndoas estão fora. Laticínios é um desastre. Então, que leite devemos beber?

Estamos falando da luta contra a crença de que uma nação, um povo, uma raça, um gênero, uma espécie tem o direito de dominar, usar e controlar outro com impunidade.

Eu acho que ficamos muito desconectados do mundo natural. Muitos de nós somos culpados de uma visão de mundo egocêntrica e acreditamos que somos o centro do universo. Entramos no mundo natural e o saqueamos por seus recursos. Temos o direito de inseminar artificialmente uma vaca e roubar seu bebê, mesmo que seus gritos de angústia sejam inconfundíveis. Depois, pegamos o leite dela, destinado ao bezerro, e colocamos no café e nos cereais.

Tememos a ideia de mudança pessoal, porque pensamos que precisamos sacrificar algo; desistir de algo. Mas os seres humanos, no nosso melhor, são tão criativos e inventivos, e podemos criar, desenvolver e implementar sistemas de mudança que seja benéfico para todos os seres sencientes e para o meio ambiente.

Fui um canalha a vida toda, fui egoísta. Fui cruel às vezes, difícil de trabalhar, e sou grato por muitos de vocês nesta sala terem me dado uma segunda chance. Eu acho que é quando estamos no nosso melhor: quando nos apoiamos. Não quando nos cancelamos por nossos erros passados, mas quando nos ajudamos a crescer. Quando nos educamos; quando nos guiamos à redenção.

Quando tinha 17 anos, meu irmão escreveu essa letra. Ele disse: “corra para o resgate com amor e resultará na paz”.

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