Violência contra a mulher no RJ: 87.626 denúncias foram registradas em 2023
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Em 2023, o Serviço de Atendimento de Emergência do 190, da Secretaria de Polícia Militar do Rio de Janeiro, registrou 621.139 ocorrências, das quais 87.626 foram relacionadas à violência contra a mulher, durante o ano de 2023. O dado revela uma média de 240 chamadas diárias e destaca o crescimento nas denúncias de violência de gênero no estado. Os números também indicam a intensificação das ações voltadas para o combate a esse tipo de crime.
O levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP) aponta que, em média, 192 viaturas foram enviadas diariamente para atender às ocorrências, somando cerca de 296 horas de atuação policial por dia. O aumento das denúncias, especialmente de assédio sexual (44%) e descumprimento de medidas protetivas (118%), reforça a urgência de políticas públicas mais robustas para garantir a segurança das mulheres fluminenses.
Os municípios da Baixada Fluminense, como Japeri, Queimados, Seropédica, Magé e Belford Roxo, destacam-se com os maiores percentuais de ligações relacionadas à violência contra a mulher, evidenciando a necessidade de um reforço nas políticas de segurança nessas áreas.
A tecnologia no combate à violência doméstica
Para enfrentar a violência de gênero, o governo do Rio de Janeiro informou que está implantando novas ferramentas tecnológicas. Uma delas é o Protocolo Lilás da Central 190, que agiliza a identificação e o atendimento de casos urgentes relacionados à violência doméstica. Essa medida complementa o trabalho das patrulhas especializadas, como a Patrulha Maria da Penha – Guardiões da Vida, que há cinco anos opera em todo o estado.
O programa visa garantir a fiscalização das medidas protetivas de urgência e prestar apoio direto às mulheres em risco. Com 48 equipes operacionais espalhadas pelos 92 municípios, a Patrulha Maria da Penha já realizou 325.290 atendimentos, prestou suporte a 83.841 mulheres e efetuou 705 prisões, sendo a maioria delas por descumprimento das medidas protetivas.
Pesquisa aponta alta prevalência de ameaças de morte contra mulheres no Brasil
Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Patrícia Galvão, em parceria com a Consulting do Brasil, revelou que 21% das mulheres brasileiras já foram ameaçadas de morte por parceiros atuais ou ex-parceiros. Além disso, seis em cada dez mulheres conhecem alguém que tenha vivido essa situação, com uma prevalência ainda maior entre mulheres negras (pretas e pardas). O levantamento, divulgado nesta segunda-feira (25/11), foi realizado com o apoio do Ministério das Mulheres e viabilizado por uma emenda da deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP).
O estudo, intitulado Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio, mostra que, após as ameaças de morte, seis em cada dez mulheres decidiram romper o vínculo com o agressor. Essa decisão foi mais comum entre as vítimas negras do que entre as brancas, o que destaca as especificidades da violência de gênero vivida por diferentes grupos de mulheres no Brasil.