Receita Federal revoga norma sobre fiscalização do Pix e governo anuncia medida provisória
[Foto: Arquivo/Vinicius Loures/Câmara dos Deputados]
A Receita Federal anunciou nesta segunda-feira (14/01) a revogação do ato normativo que ampliava a fiscalização de transações financeiras para bancos digitais, fintechs e instituições de pagamento. Em seu lugar, o governo editará uma medida provisória (MP) para reforçar direitos e regulamentar práticas relacionadas ao Pix.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, explicaram que a medida visa combater a disseminação de fake news e proteger o uso da ferramenta de pagamento.
Entenda o que dizia o ato normativo revogado
Desde o dia 1º de janeiro, tinha entrado em vigor a obrigatoriedade de operadoras de cartões de crédito e instituições de pagamento informarem à Receita Federal movimentações financeiras de contribuintes por meio do sistema eletrônico e-Financeira. A nova regra, prevista na Instrução Normativa 2.219/2024, para ampliar o controle e a fiscalização de transações financeiras, com o objetivo de combater a evasão fiscal e promover maior transparência, segundo o órgão federal.
A obrigatoriedade incluiu transações realizadas via Pix e cartões de crédito, desde que o montante movimentado no mês ultrapasse R$ 5 mil para pessoas físicas ou R$ 15 mil para pessoas jurídicas. Essas informações deverão ser enviadas semestralmente, com os dados do primeiro semestre sendo apresentados até o último dia útil de agosto e os do segundo semestre até o último dia útil de fevereiro do ano seguinte.
Antes da mudança, instituições financeiras tradicionais, como bancos públicos e privados, já eram obrigadas a informar à Receita sobre saldos, movimentações e rendimentos de contas correntes, poupanças e aplicações financeiras.
Segundo Barreirinhas, a decisão de revogar o ato normativo foi tomada para evitar interpretações distorcidas e garantir que o debate sobre a MP ocorra de forma clara e objetiva.
Medida Provisória reforçará direitos dos usuários do Pix
A nova medida provisória incluirá os seguintes objetivos:
- Proibir a cobrança de preços diferentes para pagamentos realizados via Pix e em dinheiro.
- Garantir o sigilo bancário e a gratuidade do Pix para pessoas físicas.
- Assegurar que as transações via Pix não sejam objeto de cobrança de impostos.
“O Pix estará protegido pelo sigilo, como sempre foi. Estamos reforçando a legislação para evitar distorções e interpretações equivocadas”, afirmou Haddad.
A MP também buscará coibir práticas recentemente identificadas, como comerciantes cobrando valores maiores em pagamentos via Pix em comparação aos realizados em espécie.
Combate às fake news
O governo espera que a medida provisória elimine a onda de desinformação sobre o Pix, que, de acordo com Haddad, tem sido usada para confundir a população e prejudicar o debate público.
“Estamos protegendo a economia popular e equiparando o Pix ao pagamento em dinheiro, evitando prejuízos aos pequenos comerciantes e consumidores”, concluiu o ministro.
O texto da MP será enviado ao Congresso Nacional e discutido nas próximas semanas.
Com informações da Agência Brasil.