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Tecnologia do Projeto Providence: Monitoramento automatizado da biodiversidade amazônica

O Projeto Providence entrou em sua terceira fase, chamada de “dos Andes ao mar”, o projeto busca expandir, até o primeiro semestre de 2025, o monitoramento para uma ampla área que vai desde as proximidades da Cordilheira dos Andes até os manguezais na costa do Pará, além de instalar “cerca de cem módulos automatizados de monitoramento em 30 localidades com diferentes características do bioma amazônico e de cenários de conservação, incluindo ambientes urbanos e em estados de degradação.”

O Projeto Providence, iniciado há sete anos e desenvolvido pelo Instituto Mamirauá em parceria com a Universidade Politécnica da Catalunha, da Espanha, unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), tem como objetivo criar uma tecnologia automatizada para monitorar em tempo real a biodiversidade da Amazônia.

Nesta terceira fase, a tecnologia desenvolvida consiste em módulos automatizados de monitoramento, instalados em diferentes localidades da Amazônia, incluindo áreas urbanas e em estados de degradação. Esses módulos são resistentes às intempéries e de fácil manutenção, contendo câmeras de alta resolução e microfones capazes de captar uma ampla gama de frequências sonoras, inclusive aquelas não audíveis pelo ouvido humano.

Na primeira fase do projeto Providence, o foco foi no desenvolvimento da tecnologia para a prova de conceito. O objetivo era criar módulos resistentes o bastante para enfrentar todas as condições climáticas da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, ou qualquer outro ambiente desafiador, e que fossem fáceis de serem mantidos.

Foram desenvolvidas duas versões dos módulos: uma aérea e outra aquática. Ambas são equipadas com uma câmera de alta resolução e um microfone embutido. O microfone possui uma ampla faixa de frequências, indo de zero até mais de 100 kHz. Isso significa que ele é capaz de captar frequências que estão além da capacidade auditiva humana.

Durante os últimos quatro anos, o projeto foi testado e aprimorado em campo na Reserva Mamirauá, na região do Médio Solimões, onde foram instalados 20 módulos. Os registros obtidos são transmitidos diariamente via satélite para uma base de dados em Tefé, Amazonas.

A inteligência artificial é empregada para processar os dados de forma automatizada, incluindo o monitoramento acústico para identificar diferentes espécies de animais. Até o momento, 45 espécies foram validadas no banco de dados do Providence, com a meta de chegar a cem espécies até 2024.

Os registros obtidos revelaram descobertas como a presença de peixe-boi no Lago Mamirauá e informações sobre o comportamento dos botos. “Os dados de registro permitem modelar a informação sobre as espécies, estimando presença, rotas e locais onde ocorrem.”

O Instituto Mamirauá almeja que essa tecnologia seja implementada de forma sistêmica e perene, sendo aplicável em diversas áreas de conservação e preservação da biodiversidade, incluindo unidades de conservação e terras indígenas.

Além disso, o projeto Providence é um dos seis finalistas do maior prêmio internacional de uso para a proteção da biodiversidade, o XPRIZE Rainforest, cujo resultado será revelado em julho, em Manaus (AM).

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