BrasilSaúde

PNAD Contínua revela alta adesão à vacinação contra a Covid-19 no Brasil

[Foto: Aline Souza / GE]

Até março de 2023, 88,2% da população brasileira com cinco anos ou mais havia completado o esquema primário de vacinação contra a Covid-19, tomando pelo menos duas doses do imunizante. O percentual se aproxima da meta de 90% estabelecida pelo Ministério da Saúde. Os dados são do módulo sobre Covid-19 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (24/05).

Segundo os dados, entre os adultos (18 anos ou mais) 9,3% tomaram duas doses da vacina ou mais doses. Já as crianças e adolescentes (5 a 17 anos), 71,2% completaram o esquema primário de imunização.

Estima-se que 55 milhões de brasileiros, ou 27,4% da população de cinco anos ou mais, tiveram Covid-19 confirmada por teste ou diagnóstico médico até o primeiro trimestre de 2023. A proporção foi maior entre mulheres (29,1%) do que entre homens (25,7%).

Quando considerada a autopercepção, o total de pessoas que tiveram ou consideram ter tido Covid-19 sobe para 34,3%. Entre estas, a maioria (67,2%) teve a doença uma única vez, enquanto 31,4% relataram ter tido a doença duas vezes ou mais.

“Se ela teve algum teste positivo, tanto PCR quanto de antígeno; se recebeu diagnóstico médico, sem ter tido a confirmação por teste (situação comum no início da pandemia, com escassez de teste); e se ela considera que teve Covid, por autopercepção”, explicou Rosa Dória, analista da pesquisa. Quando incluída a opção da “autopercepção”, o total dos que tiveram ou consideram que tiveram Covid sobe para 34,3%.

De acordo com os dados, as regiões Centro-Oeste (35,6%) e Norte (33,0%) apresentaram os percentuais mais altos de pessoas que tiveram Covid-19 duas vezes ou mais. Já a região Nordeste teve a maior proporção de pessoas que desenvolveram a doença apenas uma vez (70,6%).

Motivação para a não vacinação

Uma das indagações centrais da pesquisa era compreender os motivos por trás da decisão de não se vacinar.

Entre os adultos que ainda não haviam recebido nenhuma dose, 3,4% destacaram-se nesse grupo, com a desconfiança ou falta de crença na eficácia da vacina representando 36% das respostas, seguido pelo temor de reações adversas ou da própria injeção, com 27,8%.

Já no caso das crianças e adolescentes na faixa etária de 5 a 17 anos, a proporção dos não vacinados foi de 14,8%, sendo que o principal motivo apontado foi o “medo” de reações adversas ou da própria aplicação da vacina, totalizando 39,4% das justificativas apresentadas.

“No caso das crianças e adolescentes, é possível que tal decisão tenha sido dos pais ou responsáveis”, ressaltou Rosa.

“Já antre os adultos, o motivo mais citado foi “não confia ou não acredita na vacina” (36%). Mostraram-se também importantes as alegações: “medo de reação adversa ou de injeção” (27,8%) e “não acha necessário, acredita na imunidade e/ou já teve covid” (26,7%).”

Internações

A pesquisa também abordou aqueles que contraíram ou suspeitam ter contraído a Covid-19, questionando sobre a presença de sintomas. Dos entrevistados, 89,7% relataram sintomas, enquanto 10% foram assintomáticos. Adicionalmente, 4,2% dos casos sintomáticos necessitaram de internação. A analista observou a possibilidade de correlacionar a necessidade de internação com a vacinação, salientando que a imunização visa proteger contra formas graves da doença.

“É possível relacionar a ocorrência de internação com a vacinação, lembrando que o objetivo da imunização é a proteção contra a forma grave da doença. Verifica-se que, entre os não vacinados, o percentual de internados foi maior do que entre vacinados”, pontuou.

Entre aqueles que não receberam nenhuma dose da vacina quando contraíram ou suspeitaram ter contraído a Covid-19 pela primeira vez, 5,1% precisaram de internação; entre os que receberam uma dose, 3,9% necessitaram de internação; e entre os que receberam duas doses ou mais, 2,5% precisaram ser hospitalizados.

Além disso, 23,0% dos entrevistados relataram a persistência ou o surgimento de sintomas após 30 dias do diagnóstico, sendo mais comum entre adultos (24,7%) do que entre crianças e adolescentes (7,3%).

Dentre os sintomas mencionados, o cansaço/fadiga foi o mais frequente (39,1%), seguido por perda/alteração de olfato e paladar (28,8%); dor no corpo, muscular (mialgia) ou nas articulações (28,3%); e problemas de memória/atenção ou dificuldade na fala (27,1%).

Cerca de 23% das pessoas que tiveram Covid-19 relataram sintomas persistentes ou novos após 30 dias, sendo mais comum entre adultos (24,7%) do que entre crianças e adolescentes (7,3%). Os sintomas mais frequentes incluíram cansaço/fadiga (39,1%), perda/alteração de olfato e paladar (28,8%) e dor muscular (28,3%).

Cobertura vacinal

Até março de 2023, a imensa maioria da população brasileira com 5 anos ou mais já havia recebido ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19, totalizando 93,9% (188,3 milhões de pessoas). Entre os homens, esse percentual foi de 93% (90,8 milhões), enquanto entre as mulheres foi ligeiramente maior, alcançando 94,8% (97,5 milhões).

Em termos de distribuição geográfica, nas áreas urbanas, 94,2% (164,2 milhões) das pessoas com 5 anos ou mais receberam ao menos uma dose da vacina, enquanto nas áreas rurais esse número foi ligeiramente menor, atingindo 92,3% (24,1 milhões). O Sudeste apresentou a maior proporção de pessoas vacinadas com pelo menos uma dose (95,9%), seguido pelo Nordeste (94,0%); Sul (93,1%); Centro-Oeste (91,0%); e Norte (88,2%).

A pesquisa também investigou os motivos pelos quais uma parcela significativa das pessoas que iniciaram a vacinação não completaram todas as doses recomendadas. Os principais motivos citados foram “esquecimento ou falta de tempo” (29,2%), seguido pela “não acha necessário, tomou as doses que gostaria e/ou não confia na vacina” (25,5%), representando juntos mais da metade (54,7%) do grupo em questão. Outras razões, como a “está aguardando ou não completou o intervalo para tomar a próxima dose”  (17,5%) e o “medo de reação adversa ou teve reação forte em dose anterior” (16,5%), também foram mencionadas.

Nova Campanha de Vacinação contra a Covid-19

Também nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde informou o início de uma nova campanha de vacinação contra a covid-19, visando imunizar pelo menos 70 milhões de pessoas. A iniciativa surge após o recebimento de uma remessa de 9,5 milhões de doses atualizadas com a variante XBB.1.5 na primeira quinzena de maio. As vacinas estão sendo distribuídas aos estados conforme agendamento com a operadora logística.

Em nota, o ministério informou que vários estados já começaram a aplicar as vacinas monovalentes XBB. As doses são consideradas uma aquisição emergencial, suficiente para abastecer estados e municípios até que novas aquisições sejam concluídas.

A pasta informou ainda, que “o processo para compra de mais 69 milhões de doses de vacinas atualizadas, que serão entregues conforme necessidade da pasta, está em andamento.”

As primeiras doses têm validade inscrita para junho e julho de 2024, mas foi estendida pela Anvisa para setembro e outubro de 2024, conforme recomendações de órgãos internacionais.

Esquema vacinal

A partir de 1º de janeiro de 2024, o Ministério da Saúde recomenda o seguinte esquema vacinal:

  • Crianças de 6 meses a menores de 5 anos: a vacina foi incluída no calendário de vacinação.
  • Grupos prioritários com 5 anos de idade ou mais: uma dose anual ou semestral, independentemente do número de doses prévias recebidas.
  • Pessoas com mais de 5 anos que não pertencem aos grupos prioritários: poderão receber uma dose.

“O Ministério da Saúde enfatiza que as vacinas disponíveis nos postos de vacinação continuam efetivas contra as variantes em circulação no país. O esquema vacinal completo, incluindo as doses de reforço, quando recomendado, é essencial para evitar formas graves e óbitos pela doença.”

*Com informações de Ministério da Saúde e IBGE

error: Não é possível copiar.