Estado de São Paulo inicia produção brasileira da CoronaVac
[Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo]
O Governo do estado de São Paulo, anunciou nesta quinta-feira (10/12) que o Instituto Butantan iniciou o processo de produção da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, no Brasil.
De acordo com o governo, a manipulação e o envase do imunizante serão realizados em turnos sucessivos, sete dias por semana. O objetivo é que a produção diária em São Paulo obtenha a capacidade máxima de até um milhão de doses da vacina por dia. Para a produção da CoronaVac serão contratados mais 120 funcionários para reforçar a produção da vacina no Instituto Butantan.
Para o Governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), este é um momento histórico no Brasil: “O Butantan mais uma vez sai à frente e começa a produzir uma vacina que vai salvar milhões de brasileiros. Para fazer a quantidade que a urgência nos impõe, a fábrica que funcionava em escalas passará a funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana”, afirmou. E acrescentou: “Com isso, a capacidade de produção da vacina chegará a um milhão de doses por dia. Não é só São Paulo que tem pressa, é o povo brasileiro”.
CoronaVac
A vacina CoronaVac é produzida pelo laboratório chinês Sinovac e tem parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. O imunizante está em sua terceira fase de testes, onde a sua eficácia precisa ser comprovada antes que seja liberada a aplicação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em outubro, o Governo de São Paulo e o Butantan informaram que CoronaVac é o imunizante mais seguro entre os que estão em etapa final de estudos clínicos no Brasil.
De acordo com o Governo, não foram registradas reações adversas após aplicação da vacina em voluntários. 35% dos voluntários apresentaram reações leves, como febrícula (febre baixa e temporária) ou dor no local da aplicação.
Em novembro, a revista científica Lancet, publicou os resultados de segurança do imunizante nas fases 1 e 2, que foram realizados na China, com 744 voluntários. De acordo com a publicação, a vacina tem capacidade de produzir resposta imune em 97% dos casos no prazo de até 28 dias após a sua aplicação.
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Butantan
A fabrica do Instituto Butantan ocupa uma área produtiva de 1.880 metros quadrados e atualmente contra com 245 profissionais em seu quadro. Para a produção da CoronaVac serão contratados mais 120 funcionários.
Segundo o governo, a Coronavac possui composição semelhante a outros imunizantes já produzidos pelo Butantan, o que facilita e agiliza o processo de envase.
A fábrica dispõe de seis maquinas principais que serão utilizadas para o envase do estrato composto da vacina enviado pela biofarmacêutica Sinovac. A rotulagem e embalagem da vacina foram desenvolvidos em parceria internacional firmada pelo Governo de São Paulo e pelo Butantan há seis meses.
Segundo o Governo de São Paulo, “a capacidade de envase diário planejado para a vacina do Butantan contra a COVID-19 é entre 600 mil a um milhão de doses. O primeiro lote terá aproximadamente 300 mil doses. Até janeiro, 40 milhões de doses da vacina deverão ser produzidos no local”.
Próximos passos
Após a chegada dos 600 litros de matéria-prima vinda da China, na semana passada, o Instituto Butantan armazenou o material em câmaras frias e contêiner de aço inox. Logo em seguida, o contêiner foi encaminhado para a sala de tanques para transferência do composto para a bolsa de agitação e, então, para o tanque pulmão, onde ocorre o envase.
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Nesse momento, ocorrem a lavagem e esterilização dos frascos-ampola, utilizando ar seco quente. Os frascos então são passando para a entrada da máquina envasadora e, por meio de esteiras automáticas, são posicionados nas agulhas que despejarão o produto dentro dos frascos. Os frascos-ampola cheios são entregues à recravadora, para o receber o selo de alumínio.
Já na terceira etapa, ocorrem as inspeções visuais manual, rotulagem e checagem dos impressos, além da embalagem dos frascos-ampola.
O conteúdo envasado passa por testes de qualidade por amostragem, incluindo aspecto, pH, volume extraível, volume médio, teor de alumínio, vedação, osmolalidade, identidade, conteúdo antigênico, toxicidade, esterilidade e endotoxina.
Para o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, o Instituto começa a produzir uma vacina com o objetivo de salvar milhões de vidas, e ressaltou ainda a importância do momento: “Trata-se de um momento histórico. O Butantan mais uma vez sai na frente e começa a produzir no país uma vacina de vital importância para salvar milhões de vidas, colocando toda sua expertise e tecnologia acumulados em 120 anos a favor da saúde dos paulistas e brasileiros”, disse.
Estados interessados
Durante a coletiva de imprensa nesta quinta-feira (10/12), o Governador João Doria informou, ainda, que os estados do Acre, Pará, Maranhão, Roraima, Piauí, Mato Grosso Sul, Espirito Santo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Sul, já formalizaram a solicitação para aquisição da CoronVac junto ao Instituto Butantan. De acordo com Doria, 276 municípios brasileiros também já manifestaram interesse na compra da vacina.
O Diretor do Butantan, Dimas Covas, informou que o instituto possui capacidade para fornecer as doses do imunizante para os demais estados, além de garantir a vacinação da população de São Paulo, conforme o Plano Estadual de Imunização anunciado nesta semana.
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Temos, já em negociação, por autorização do governador, mais 15 milhões de doses e devemos formalizar muito brevemente. Do ponto de vista quantitativo e de capacidade de produção, estamos plenamente aptos para atender essa primeira fase da vacinação”, informou o Diretor do Instituto.
Ministério da Saúde
O Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se reuniu na terça-feira (08/12), com governadores dos estados brasileiros, para realizar um balanço sobre o enfrentamento à COVID-19 no Brasil.
Segundo informações, durante a reunião, Pazuello foi questionado sobre a aplicação da vacina CoronaVac.
De acordo com Pazuello, “Todas as vacinas que tiverem sua eficácia e registros da maneira correta na Anvisa, se houver necessidade, vão ser adquiridas. O presidente Jair Bolsonaro já deixou isso de forma clara”, disse.
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