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Conab suspende leilão de 104 mil toneladas de arroz polido

[Foto: Ilustrativa / LensGo]

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) adiou o leilão de compra de 104 mil toneladas de arroz beneficiado polido, que estava programado para esta terça-feira (21/05). A nova data para realização do leilão será divulgada posteriormente, conforme comunicado divulgado pela Conab na noite de ontem (20/05).

O leilão visa garantir o abastecimento de arroz, especialmente após as enchentes que impactaram o estado do Rio Grande do Sul, responsável por 70% da oferta nacional do produto.

Além disso, em uma reunião extraordinária realizada ontem, o Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu zerar as tarifas para dois tipos não parbolizados e um tipo polido/brunido de arroz. Essa medida, válida até 31 de dezembro, foi solicitada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e pela própria Conab, com o monitoramento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Esses tipos de arroz foram incluídos na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec) do Mercosul, permitindo a importação sem tarifas. A redução a zero das tarifas abre espaço para a compra de arroz de outros grandes produtores, como a Tailândia, que até abril deste ano respondia por 18,2% das importações brasileiras de arroz.

Para a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), a retirada da Tarifa Externa Comum (TEC) para aquisição de arroz importado preocupa integrantes da cadeia produtiva, pois pode desestimular os produtores e levar a uma nova redução da área cultivada no Estado.

“A TEC vai acabar desestimulando o produtor e teremos nova redução da área cultivada no Estado. Para vender arroz a R$ 4,00, o produtor vai receber abaixo do custo de produção, não vai se pagar”, destacou Alexandre Velho, presidente da Federarroz.

Compra de arroz empacotado

Buscando evitar possíveis aumentos no preço do arroz devido às enchentes no Rio Grande do Sul, responsável por grande parte da produção nacional do grão, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), informou, na terça-feira (07/05), que adotaria medidas emergenciais. O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou que a Conab comprará arroz já industrializado e empacotado no mercado internacional.

As enchentes causaram perdas na lavoura e em armazéns alagados, além de dificultar a logística de escoamento do produto. O ministro destacou que essa situação poderia levar a um desabastecimento e aumento nos preços no comércio.

“O problema é que teremos perdas do que ainda está na lavoura, e algumas coisas que já estão nos armazéns, nos silos, que estão alagados. Além disso, a grande dificuldade é a infraestrutura logística de tirar do Rio Grande do Sul, neste momento, e levar para os centros consumidores”, explicou o ministro. 

Importação

O Governo Federal informou, na quarta-feira (15/05), que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) iniciará a importação de até 104.034 toneladas de arroz da safra 2023/2024, com o objetivo de vender o produto ao consumidor brasileiro por no máximo R$ 4 o quilo. O primeiro leilão está marcado para a próxima terça-feira (21/05).

De acordo com Edegar Pretto, presidente da Conab, o arroz importado terá uma embalagem especial com o selo do Governo Federal, que destacará o preço máximo de venda ao consumidor. Pesquisa online, realizada na quarta-feira (15/05), encontrou o quilo do arroz parboilizado em supermercados com preços variando entre R$ 4,50 e R$ 19.

A importação e as diretrizes de venda foram estabelecidas pela Portaria Interministerial MDA/MAPA/MF nº 03, publicada em edição extra do Diário Oficial da União na terça-feira (14/05). A medida foi autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para enfrentar as consequências da quebra da safra no Rio Grande do Sul.

O governo federal destinou R$ 100 milhões para “equalização dos preços”, garantindo que o arroz importado seja compatível com os preços do arroz nacional. A operação de importação contará com um fundo de R$ 12 bilhões, criado para apoiar o Rio Grande do Sul.

As primeiras 104 mil toneladas serão destinadas à venda para pequenos varejistas e equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional nas regiões metropolitanas de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará, e Ceará. A Conab conduzirá a importação por meio de leilões públicos, com a venda direta aos comerciantes para evitar especulação financeira.

Rio Grande do Sul

Conforme dados apresentados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a safra de arroz do Rio Grande do Sul para o período 2023/2024 está estimada em cerca de 7.149.691 toneladas . Mesmo com as perdas causadas pelas inundações em maio, o número é muito próximo ao registrado na safra anterior, de 7.239.000 toneladas. Isso demonstra que a produção de arroz gaúcho é suficiente para abastecer o mercado brasileiro, tornando desnecessária a importação do grão.

O presidente do Irga, Rodrigo Machado, detalhou que as enchentes ocorreram quando a safra já estava 84% colhida, restando ainda 142 mil hectares para serem colhidos. Dessas áreas, 22 mil hectares foram perdidos e outros 18 mil ficaram parcialmente submersos. Além disso, aproximadamente 43 mil toneladas de grãos estocados nos silos foram comprometidas.

A estimativa de produção total do Irga considera a produção já colhida até o momento das enchentes, somada a um cálculo de produtividade para os hectares restantes não afetados pelas cheias. Essa projeção resulta em uma produção estimada de 7.149.691 toneladas de arroz para a safra atual.

*Com informações de Camex e Governo do estado do Rio Grande do Sul

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