Riscos climáticos no trabalho: OIT alerta para urgência de proteção aos trabalhadores
[Foto: Richard Souza / FN]
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um alerta nesta segunda-feira (22/04), revelando que mais de 70% dos trabalhadores em todo o mundo estão enfrentando sérios riscos à saúde devido às mudanças climáticas. O relatório recém-divulgado pela organização destaca dados alarmantes que ecoam a urgência de ações efetivas para proteger a força de trabalho global. Os dados são de 2020.
De acordo com o documento, mais de 2,4 bilhões de pessoas, de uma força de trabalho global de 3,4 bilhões, estão potencialmente expostas a temperaturas excessivas durante suas jornadas de trabalho. Essa exposição tem um custo humano significativo, resultando em perda de vidas e anos de vida ajustados por deficiência devido a lesões ocupacionais atribuíveis ao calor excessivo.
Segundo o documento, desde 2000, a proporção de trabalhadores expostos ao calor aumentou de 65,5% para 70,9%, evidenciando uma tendência que exige atenção imediata. O relatório estima que quase 19.000 vidas são perdidas anualmente devido a lesões ocupacionais relacionadas ao calor.
“Quando calculada como percentagem da força de trabalho global, a proporção aumentou de 65,5% para 70,9 % desde 2000. Além disso, o relatório estima que 18.970 vidas e 2,09 milhões de anos de vida ajustados por deficiência são perdidos todos os anos devido a 22,87 milhões de lesões ocupacionais atribuíveis ao calor excessivo”, informou a OIT.
Além disso, as condições de saúde dos trabalhadores estão diretamente ligadas às mudanças climáticas, com um espectro amplo de doenças que incluem câncer, doenças cardiovasculares, respiratórias, renais e problemas de saúde mental. Os números apontam mais de 18.000 mortes anuais atribuídas ao câncer de pele não melanoma devido à exposição à radiação ultravioleta (UV) e até 860.000 mortes causadas pela poluição atmosférica no local de trabalho.
A agricultura, um dos setores mais afetados, enfrenta desafios adicionais, com mais de 870 milhões de trabalhadores expostos a pesticidas e um número alarmante de mortes relacionadas ao envenenamento e a doenças parasitárias transmitidas por vetores.
Diante desse cenário, a OIT enfatiza a necessidade urgente de integrar considerações sobre saúde e segurança no trabalho às respostas às mudanças climáticas. Países que já implementaram medidas para mitigar os impactos climáticos, como regulamentações sobre calor excessivo no ambiente de trabalho e eficiência energética, oferecem modelos valiosos a serem seguidos.
Entre as medidas propostas estão a definição de limites máximos de temperatura, diretrizes para medidas adaptativas, exigência de proteção adicional, revisão das listas de doenças ocupacionais, treinamento e informação, avaliação de riscos e implementação de medidas preventivas no local de trabalho.
“À medida que os riscos das alterações climáticas evoluem e se intensificam, será necessário reavaliar a legislação existente ou criar novos regulamentos e orientações. Algumas populações de trabalhadores podem ser especialmente vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas e podem, portanto, precisar de proteções extras”, diz o documento da OIT.