Taxa de juros do cartão de crédito rotativo atinge 421,3% ao ano em março
[Foto: Richard Souza / AN]
Após dois meses consecutivos de queda, a taxa média de juros do cartão de crédito rotativo apresentou um aumento significativo em março, alcançando 421,3% ao ano, conforme dados divulgados nesta terça-feira (03/05) pelo Banco Central (BC), em Brasília.
O crédito rotativo é utilizado quando o consumidor não paga o valor integral da fatura do cartão e acaba contraindo um empréstimo, que dura em média 30 dias, começando a pagar juros sobre o saldo devedor remanescente.
Apesar da entrada em vigor, em janeiro, da lei que limita os juros do rotativo a 100% do valor da dívida, esse controle não afeta a taxa de juros pactuada no momento da concessão do crédito. Como a medida se aplica apenas a novos financiamentos, não houve impacto na taxa de juros apurada em março.
A taxa média de juros no crédito com recursos livres para pessoas físicas registrou um incremento de 0,8 pontos percentuais (pp) no mês, atingindo 53,4% ao ano, enquanto apresentou uma diminuição de 5,2 pp em 12 meses.
Além do aumento no crédito rotativo, o resultado do crédito com recursos livres para pessoas físicas foi influenciado principalmente pelos aumentos das taxas médias de crédito pessoal não consignado (4,5 pp) e do cartão de crédito parcelado (1,7 pp).
Crédito livre às pessoas físicas apresenta crescimento em março
O Banco Central divulgou que o saldo do crédito livre às pessoas físicas cresceu 0,4% em março e 8,2% em 12 meses, com destaques para os incrementos nas carteiras de financiamento para aquisição de veículos (1,5%), crédito pessoal não consignado (1,4%), e consignado para beneficiários do INSS (1,2%).
É importante ressaltar que o crescimento observado nas carteiras de crédito livre às famílias concentrou-se nas modalidades não rotativas, com altas de 0,8% no mês e 9,0% em 12 meses. Em sentido oposto, nas modalidades rotativas, houve uma queda mensal da carteira de 0,7% e um avanço de 6,0% comparativamente a março de 2023, conforme informou a autoridade monetária.
Quanto ao endividamento das famílias, este atingiu 47,9% em fevereiro, com uma diminuição de 0,1 ponto percentual (pp) em relação ao mês anterior e de 0,8 pp em 12 meses. O comprometimento de renda permaneceu em 25,7% em fevereiro, mantendo-se estável e revelando uma queda de 1,7 pp em 12 meses.
No que se refere às operações com empresas, a taxa média alcançou 20,9% ao ano, representando um declínio mensal de 0,5 pp em março e de 2,9 pp em relação ao mesmo período do ano anterior. Contribuíram para esse resultado as quedas mensais nas taxas médias das modalidades de desconto de duplicatas e outros recebíveis, de 1,1 pp, e de capital de giro com prazo superior a 365 dias, de 1,2 pp.
Saldo das operações de crédito do SFN atinge R$ 5,9 trilhões em março
O saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 5,9 trilhões em março, registrando um crescimento mensal de 1,2%. Esse resultado foi impulsionado pelo aumento de 2,0% no saldo das operações de crédito às pessoas jurídicas e de 0,7% nas operações de pessoas físicas, totalizando R$ 2,3 trilhões e R$ 3,6 trilhões, respectivamente.
Quanto à inadimplência da carteira de crédito total do SFN, esta situou-se em 3,2% em março, mantendo-se estável no mês e em 12 meses (-0,1 ponto percentual).
Por segmento, a inadimplência variou negativamente 0,1 ponto percentual, tanto nas operações realizadas com empresas quanto com famílias. Entretanto, em 12 meses, a inadimplência apresentou comportamentos distintos, com aumento de 0,4 ponto percentual nas operações voltadas para o segmento empresarial e redução da mesma intensidade nas operações realizadas com as famílias.