
Durante a terceira reunião de emergência para discutir a crescente tensão envolvendo os ataques recentes entre Estados Unidos, Irã e Israel, no Conselho de Segurança da ONU, um representante do Irã afirmou que a resposta ao uso de força considerado ilegal pelos Estados Unidos será decidida por suas Forças Armadas, incluindo o momento, a natureza e a escala da reação.
O delegado iraniano classificou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, como “criminoso de guerra procurado internacionalmente” e acusou-o de ter “sequestrado a política externa dos EUA, arrastando os Estados Unidos para mais uma guerra custosa e infundada”.
O representante disse que é “profundamente desolador” que o Irã, um dos países fundadores das Nações Unidas e signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), tenha sido alvo de um “ataque armado por um regime ilegítimo”. Também afirmou que o TNP tem sido utilizado como justificativa para ações agressivas contra o Irã, e que Israel, “um regime nuclear fora da lei que se recusou a aderir ao TNP”, sustenta uma narrativa falsa sobre a iminência de o país adquirir uma arma nuclear, “sem nenhuma evidência”.
Segundo o delegado, o Irã estava se preparando para uma nova rodada de negociações diplomáticas com os Estados Unidos marcada para 15 de junho, mas o ataque israelense ocorreu dois dias antes. Ele declarou ainda que o Irã nunca abandonou a mesa de negociações.
Ao encerrar sua fala, o representante do Irã pediu que o Conselho de Segurança invoque o Capítulo VII da Carta da ONU para condenar os ataques e responsabilizar os Estados Unidos e Israel. Ele destacou que, caso não haja uma reação da ONU, “a mancha da cumplicidade permanecerá para sempre em sua consciência, como acontece com Gaza”.
Estados Unidos
A porta-voz dos Estados Unidos justificou os ataques militares às instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, no Irã, como uma medida para desmantelar a capacidade de enriquecimento nuclear iraniana e conter o que chamou de ameaça nuclear crescente. Segundo ela, a operação teve como objetivo “eliminar uma fonte de insegurança global de longa data” e foi realizada em apoio ao aliado Israel, “em conformidade com a Carta da ONU”.
A representante afirmou que o Irã representa uma ameaça constante à paz e à segurança internacional, com histórico de ações hostis contra os Estados Unidos, Israel e países vizinhos. De acordo com a porta-voz, o governo iraniano “clamou por décadas por ‘morte à América’ e ‘morte a Israel’”, além de ter atacado Israel com centenas de mísseis balísticos e operado por meio de grupos classificados como terroristas.
A declaração incluiu críticas ao papel do Irã no Oriente Médio, mencionando que o país e seus aliados foram responsáveis por mortes de civis e militares, incluindo cidadãos americanos no Iraque e no Afeganistão. Ela afirmou ainda que o Irã tem impedido negociações de boa-fé e ocultado informações sobre seu programa nuclear.
A porta-voz citou um relatório recente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que aponta o descumprimento por parte do Irã das salvaguardas nucleares obrigatórias e a aceleração de suas atividades nucleares sem justificativa civil plausível.
A representante dos EUA reiterou que o Irã não deve escalar a situação e destacou que “qualquer ataque iraniano — direto ou indireto — contra americanos ou bases americanas será recebido com retaliação devastadora”.
Bombardeios
Os EUA anunciaram na noite de sexta-feira (21/06) bombardeios, que, segundo o presidente Trump, destruíram completamente as instalações nucleares iranianas de Fordo, Natanz e Esfahan. A operação foi descrita por Trump como um “sucesso militar espetacular”.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) June 21, 2025
O governo iraniano, por sua vez, afirmou que não iniciou o conflito, mas prometeu responder caso a agressão continue. O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, declarou que o país segue comprometido com a diplomacia, mas que responderá de forma decisiva se necessário.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, divulgou neste domingo (22) um pronunciamento em apoio ao presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, após os ataques norte-americanos às instalações nucleares do Irã. Segundo Netanyahu, a operação representa um marco histórico que pode abrir caminho para um futuro de “prosperidade e paz”.
“Parabéns, presidente Trump. Sua decisão ousada de atacar as instalações nucleares do Irã com a força impressionante e justa dos Estados Unidos mudará a história”, declarou Netanyahu.
*Com informações de ONU