
[Foto: Ilustrativa / Aline / GE]
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, nesta segunda-feira (14/07), novas diretrizes recomendando o uso do lenacapavir (LEN), um medicamento injetável de aplicação semestral, como alternativa para a prevenção do HIV. O anúncio foi feito durante a 13ª Conferência da Sociedade Internacional de AIDS sobre Ciência do HIV, realizada em Kigali, Ruanda.
Segundo a OMS, o lenacapavir representa uma nova opção de profilaxia pré-exposição (PrEP), especialmente indicada para pessoas que “enfrentam desafios com a adesão diária, o estigma” ou têm acesso limitado a cuidados de saúde. Em ensaios clínicos, o medicamento demonstrou “prevenir quase todas as infecções por HIV entre pessoas em risco”.
A recomendação da agência internacional inclui o uso de testes rápidos de HIV para facilitar a administração da PrEP injetável, simplificando o processo e permitindo a aplicação em farmácias, clínicas e por meio da telemedicina. A proposta visa ampliar o acesso, especialmente para populações mais vulneráveis, como profissionais do sexo, pessoas transgênero, usuários de drogas injetáveis, homens que fazem sexo com homens e pessoas privadas de liberdade.
A OMS também recomenda que os países comecem a implementar o lenacapavir em seus programas nacionais de prevenção do HIV, mesmo enquanto continuam a coletar dados sobre sua aplicação no mundo real. Atualmente, o medicamento ainda não está amplamente disponível fora dos estudos clínicos.
“Temos as ferramentas e o conhecimento para acabar com a AIDS como um problema de saúde pública”, disse a Dra. Meg Doherty, diretora do Departamento de Programas Globais de HIV, Hepatite e IST da OMS e nova diretora de Ciência, Pesquisa, Evidência e Qualidade para a Saúde. “O que precisamos agora é da implementação ousada dessas recomendações, fundamentadas na equidade e impulsionadas pelas comunidades”, finalizu a diretora.
Cabotegravir e Rilpivirina de longa ação
Pela primeira vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar oficialmente o uso dos medicamentos injetáveis cabotegravir e rilpivirina de longa ação (CAB/RPV) como alternativa para a terapia antirretroviral (TARV) em adultos e adolescentes que já alcançaram a supressão viral com o tratamento oral e não possuem infecção ativa por hepatite B. A medida visa beneficiar especialmente quem enfrenta dificuldades com a adesão diária aos comprimidos.
As diretrizes atualizadas também reforçam a importância de integrar o tratamento do HIV com os cuidados de outras doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes. A OMS sugere, ainda, a inclusão de ações voltadas à saúde mental, com atenção à depressão, ansiedade e transtornos relacionados ao uso de álcool, de forma a promover uma abordagem mais completa e contínua para os pacientes.
Outro ponto das novas recomendações trata do manejo de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) assintomáticas. A OMS orienta que haja rastreamento de gonorreia e/ou clamídia entre populações-chave e prioritárias, como forma de ampliar o diagnóstico precoce e o tratamento dessas infecções, contribuindo para a prevenção combinada e a proteção da saúde sexual.
Mpox
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também emitiu recomendações específicas para pessoas vivendo com HIV que estejam com mpox, infecção anteriormente conhecida como varíola dos macacos. Para esses casos, a OMS reforça a importância do início imediato da terapia antirretroviral (TARV), especialmente quando não há tratamento prévio ou quando houve interrupção prolongada do uso dos medicamentos.
Além disso, a organização recomenda que o teste de HIV seja realizado o mais cedo possível em indivíduos com suspeita ou confirmação de infecção por mpox. A orientação também se estende à testagem de sífilis, como parte dos protocolos padrão voltados à detecção e ao tratamento de infecções sexualmente transmissíveis.
Diante dos desafios enfrentados pelos programas de HIV, especialmente em um cenário global de financiamento instável, a OMS divulgou novas diretrizes operacionais para garantir a continuidade de serviços essenciais. As orientações têm como objetivo apoiar os países na priorização de ações, monitoramento de riscos e adaptação de seus sistemas de saúde, assegurando a manutenção dos avanços já conquistados na resposta ao HIV.
*Com informações de OMS