
[Foto: Divulgação / Ronaldo Junior / DPRJ]
Foi inaugurado nesta segunda-feira (30/06) na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, o memorial em homenagem a Moïse Mugenyi Kabagambe, jovem congolês assassinado em janeiro de 2022. O busto instalado no quiosque Dumar faz parte das medidas previstas na ação indenizatória movida pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ), que representa a família do jovem desde o início do caso.
O assassinato de Moïse ocorreu no quiosque Tropicália, onde ele foi espancado até a morte após cobrar o pagamento de três dias de trabalho. A violência foi captada por câmeras de segurança e mobilizou movimentos sociais, entidades de direitos humanos e a sociedade civil em busca de justiça.
A cerimônia, organizada pela Prefeitura do Rio em parceria com a Orla Rio, reuniu familiares, amigos e representantes de instituições defensoras dos direitos humanos. A data da inauguração foi escolhida por coincidir com o dia da independência da República Democrática do Congo, país natal de Moïse.
Durante o evento, a mãe de Moïse, Lotsove Lolo Lavy Ivone, destacou o memorial como um símbolo de resistência e memória, ressaltando a importância de manter viva a história do filho e transformá-lo em um espaço de acolhimento para refugiados.
“É muito difícil estar aqui, onde tudo aconteceu. São muitas memórias. A gente acha que a dor vai diminuir, mas não diminui. Ainda assim, é importante que a história do meu filho não seja esquecida. Espero que este lugar se torne um espaço de acolhimento, um lugar para outras pessoas refugiadas”, disse Ivone.
O irmão do jovem, Maurice Mugeny, reforçou que o memorial representa uma luta por dignidade e justiça, agradecendo o apoio recebido pela família. Dois dos três responsáveis pelo crime já foram condenados.
“Hoje, voltamos aqui para dizer que a vida dele importa, que a história dele não será apagada, e que a luta por justiça vale a pena. Dois dos três responsáveis pelo assassinato de Moïse já foram condenados. Sabemos que nenhuma sentença trará meu irmão de volta, mas é fundamental que a Justiça avance. Porque quando um jovem negro e imigrante é assassinado e ninguém é responsabilizado, a mensagem que fica é a da impunidada”, afirmou.
Durante o evento, o coordenador do Nudedh, Defensor Público Marcos Paulo Dutra Santos, destacou o compromisso da Defensoria com o enfrentamento ao racismo estrutural. Ele ressaltou que a luta contra esse tipo de violência é uma prioridade.”Moïse sempre foi e continua sendo um farol, um símbolo que nos lembra que essa luta é permanente. Infelizmente, ela não termina aqui”, disse.
Segundo o defensor, o combate ao racismo estrutural exige articulação entre instituições, como Ministério Público e Poder Judiciário, além do engajamento da sociedade como um todo, reforçando que a responsabilidade não cabe a uma só entidade.
“A construção de respostas a esse crime brutal só foi possível graças a um trabalho coletivo, realizado sem vaidades, em articulação com o Ministério Público e o Poder Judiciário. Essa união é essencial, porque o combate ao racismo estrutural não é responsabilidade de uma só instituição, é uma luta de toda a sociedade “, finalizou o Defensor Público.
O caso
Em 24 de janeiro de 2022, Moïse Kabagambe, jovem congolês, foi até o quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, para cobrar o pagamento de R$ 200 referentes a diárias de trabalho atrasadas. Câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas teriam registrado o momento em que o jovem sofreu uma agressão violenta que durou cerca de 15 minutos.
Durante esse período, a vítima foi atacada com um taco de beisebol e pedaços de madeira. Além disso, teve as mãos e as pernas amarradas para trás com uma corda.
*Com informações de DPRJ