Meio Ambiente

Maricá adota tecnologia de tomografia para garantir segurança das árvores urbanas

[Foto: Divulgação / Bernardo Gomes / Prefeitura de Maricá]

A Secretaria de Cidade Sustentável de Maricá, no estado do Rio de Janeiro, está implementando uma medida inovadora para preservar as árvores e reduzir o risco de quedas na cidade. Utilizando um tomógrafo especializado, a equipe iniciou o mapeamento do interior, tronco e raízes das árvores, buscando avaliar sua saúde e detectar problemas que possam gerar acidentes.

Segundo informações do governo municipal, até o momento, o equipamento já analisou 30 árvores, atendendo às demandas identificadas dentro da programação de poda do município.

Maria Cecília Fiordoliva Ferronato, bióloga e mestre em Conservação e Biodiversidade de Habitats Fragmentados pela Universidade Estadual de Londrina e gerente de projetos na ECCON Soluções Ambientais, destaca que o emprego desse equipamento é comparável ao uso de tomógrafos em procedimentos médicos humanos. Para ela, esses dispositivos representam um avanço substancial no monitoramento da saúde e da integridade das árvores, tanto em ambientes urbanos quanto na silvicultura.

“O tomógrafo de árvores é uma tecnologia muito interessante, que possui funcionamento semelhante aos tomógrafos usados na medicina para examinar o interior do corpo humano. No caso do uso ambiental, esse equipamento é projetado para investigar a estrutura interna das árvores, permitindo a visualização de detalhes como a distribuição de tecidos lenhosos, a presença de cavidades, a densidade da madeira e possíveis danos causados por pragas, doenças ou traumas.”

Atualmente, há uma variedade de modelos que empregam tecnologias diversas para avaliar a saúde das árvores. Dentre eles:

  • Tomógrafo de impulso;
  • Tomografia por impedância elétrica;
  • Tomografia sônica.

De acordo com a bióloga, o uso dessa tecnologia permite uma avaliação não invasiva, fornecendo resultados rápidos que podem ser analisados no próprio local.

“Essa ferramenta apresenta várias vantagens, sendo um método praticamente não destrutivo, o que não causa danos a árvores saudáveis. Além disso, os resultados são de fácil compreensão e podem ser avaliados no local, de forma imediata. Isso é particularmente relevante em situações de árvores com risco de queda, que exigem medidas de remoção ou isolamento imediatas.”, completou.

Tomógrafo

Antes da introdução dos tomógrafos especializados, a avaliação dos interiores das árvores exigia a derrubada das mesmas. Com o advento desses equipamentos, o procedimento se tornou menos invasivo. Uma parte da sonda é inserida na árvore, e os resultados são prontamente coletados pelos sensores fixados no tronco. Esses sensores identificam áreas com lesões e espessuras reduzidas, que podem indicar riscos, como quedas de galhos.

A técnica empregada pela prefeitura de Maricá é a tomografia sônica, que segundo Maria Cecília, “utiliza a propagação de ondas sonoras no interior das árvores para avaliar a velocidade do som, gerando uma tomografia em 2D ou 3D”, possibilitando a avaliação dos danos estruturais das árvores, caso existam. As tomografias resultantes do processo revelam não apenas o tamanho e a posição de possíveis lesões nas árvores, mas também verificam as condições das raízes, permitindo uma identificação precisa das áreas mais frágeis.

Com base nessas informações detalhadas, a Secretaria de Cidade Sustentável poderá laudos técnicos sobre as árvores, recomendando se devem ser removidas, substituídas, podadas, adubadas ou tratadas. Esse processo permite uma gestão mais eficaz do arborizado urbano, garantindo não apenas a segurança dos cidadãos, mas também a preservação e o cuidado adequado das árvores na cidade.

A bióloga destacou também a importância do uso desses equipamentos para o poder público, especialmente em ações preventivas e durante eventos climáticos severos, como tempestades.

“Reduz o tempo de resposta a potenciais ameaças à segurança pública, como acidentes de queda. Ainda, essa informação ajuda os gestores urbanos a identificarem árvores que precisam de intervenção ou remoção para evitar acidentes. Outros exemplos de otimização proporcionados pelos tomógrafos são as medidas de manutenção preventiva, tais como poda seletiva ou tratamento fitossanitário, de forma antecipada, ou seja, antes que as árvores apresentem riscos de queda, evitando assim a supressão de árvores que podem estar doentes, mas se tratadas deixam de apresentar riscos. […] Além disso, em situações de eventos climáticos extremos, como tempestades intensas, o tomógrafo também pode desempenhar um papel importante. Ele pode ser utilizado para avaliar danos estruturais nas árvores urbanas causados por tais tempestades, contribuindo para a análise da segurança das áreas afetadas, auxiliando na identificação das árvores que necessitam de remoção imediata para garantir a segurança pública.”, finalizou Maria Cecilia Fiordoliva Ferronato.

error: Não é possível copiar.