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Dengue: Entenda os sorotipos do vírus e a preocupação com o DENV-3

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[Foto: Maurício Bazílio / Divulgação / SES-RJ]

A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que afeta milhões de pessoas, especialmente em países tropicais como o Brasil. O vírus da dengue (DENV) possui quatro sorotipos distintos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada um desses sorotipos pode variar de infecções assintomáticas a quadros graves da doença, e segundo o Ministério da Saúde, a infecção por um sorotipo não oferece imunidade contra os outros, o que permite a reinfecção até quatro vezes.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou a importância do trabalho de prevenção se concentrar na eliminação dos focos do mosquito transmissor da doença. “Estamos trabalhando intensamente nas medidas de prevenção da doença por meio da eliminação dos focos do mosquito transmissor da doença”, afirma.

O que são os sorotipos da dengue?


Os sorotipos são variações do vírus que, apesar de pertencerem à mesma espécie, possuem diferenças em sua composição antigênica. Isso significa que uma pessoa pode ser infectada por mais de um sorotipo ao longo da vida. Infecções subsequentes por diferentes sorotipos aumentam o risco de formas mais graves da doença, como a dengue hemorrágica. Além disso, a infecção por um sorotipo oferece imunidade permanente contra aquele tipo específico, mas proteção temporária contra os outros.

Por que o DENV-3 preocupa?


O sorotipo DENV-3 é considerado um dos mais virulentos e tem maior potencial de causar formas graves da doença. A infecção por esse sorotipo, especialmente após uma segunda infecção por outro sorotipo, pode levar a quadros mais severos, segundo informou o Ministerio da Saúde. No Brasil, a introdução do DENV-3 entre 2000 e 2002 foi associada ao aumento da incidência de dengue e febre hemorrágica, elevando o risco de epidemias significativas.

Sintomas da dengue

“Os sintomas da dengue geralmente surgem entre 4 e 10 dias após a picada do mosquito infectado e podem variar de leves a graves. Os sinais mais comuns incluem: 

  • Febre alta de início abrupto;
  • Dor de cabeça intensa, especialmente atrás dos olhos.
  • Dores musculares e nas articulações
  • Diarreia
  • Náuseas e vômitos
  • Dor nas costas
  • Manchas vermelhas na pele (exantema).
  • Conjuntivite (olhos vermelhos)”

Casos de Dengue em 2024

De acordo com o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil registrou, ao longo de 2024, um total de 6.484.890 casos prováveis de dengue e 5.972 mortes pela doença, com outros 908 óbitos ainda em investigação. O coeficiente de incidência da doença, até o dia 28 de dezembro, foi de 3.193,5 casos para cada 100 mil habitantes.

Em relação ao perfil dos casos, a maioria (55%) das pessoas afetadas pela dengue foram mulheres. Em termos de raça/cor, 42% dos casos prováveis ocorreram entre pessoas brancas, 34,4% entre pardos, 5,1% entre negros, 0,9% entre amarelos e 0,2% entre indígenas. Em 17,3% dos casos, a informação sobre raça/cor não foi registrada. A faixa etária mais afetada foi de 20 a 29 anos, seguida pelas faixas de 30 a 39 anos e 40 a 49 anos.

São Paulo foi o estado com o maior número de casos prováveis (2.182.875), seguido por Minas Gerais (1.695.024) e Paraná (656.286). Em termos de coeficiente de incidência, o Distrito Federal (DF) liderou o ranking com 9.907,5 casos para cada 100 mil habitantes, seguido por Minas Gerais (8.252,8 casos por 100 mil habitantes) e Paraná (5.735,2 casos por 100 mil habitantes).

O Distrito Federal apresentou o maior aumento percentual nos casos de dengue em 2024, com um aumento de 584% em comparação com 2023, passando de 40.784 casos para 279.102. O número de mortes também aumentou consideravelmente, subindo de 14 em 2023 para 440 em 2024. Além disso, cinco óbitos seguem sob investigação.

Modelagens indicam que seis estados brasileiros, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná, podem registrar aumento na incidência de casos em 2025. O Ministério da Saúde reforça que todas as unidades da Federação receberão suporte para o enfrentamento do cenário epidemiológico.

Plano de combate a dengue

No início do ano, o Ministério da Saúde anunciou a instalação do Centro de Operações de Emergência (COE) para dengue e outras arboviroses. A iniciativa visa coordenar o planejamento e a resposta às epidemias dessas doenças, integrando esforços de estados, municípios, pesquisadores e instituições científicas.

Entre as medidas está o lançamento de um novo Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika, estruturado em seis eixos para ampliar ações preventivas e conter o avanço dessas doenças.

Principais ações previstas:

  • Expansão do método Wolbachia: Ampliação de três para 40 cidades até 2025;
  • Implantação de insetos estéreis: Com foco em aldeias indígenas;
  • Borrifação intradomiciliar: Em locais de grande circulação, como creches e escolas;
  • Estações disseminadoras de larvicidas: Primeira fase com 150 mil unidades;
  • Controle biológico: Uso de Bacillus Thuringiensis Israelensis (BTI);
  • Vacinação: Intensificação da imunização de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos com 9,5 milhões de doses adquiridas para 2025.

Butantan-DV

O Instituto Butantan, de São Paulo, anunciou nesta segunda-feira (22) o início da produção da vacina Butantan-DV contra a dengue, desenvolvida em dose única. No entanto, não deverá ocorrer a vacinação em massa da população brasileira, devido à necessidade de ampliação da escala de produção.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou que, apesar do avanço na fabricação, a distribuição em larga escala dependerá da capacidade produtiva do Butantan.

“O Butantan está produzindo, mas não há previsão de uma vacinação em massa neste ano de 2025, isso é muito importante colocar, independentemente da Anvisa, porque é preciso ter escala nessa produção”, disse a ministra.

A expectativa do Instituto Butantan é disponibilizar 1 milhão de doses em 2025, com um aumento progressivo da produção para atingir 100 milhões de doses até 2027.

Antes da distribuição da vacina à população, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) precisa aprovar o imunizante, que está em fase de análise documental. Além disso, a vacina deverá passar pela avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), responsável por decidir sobre sua inclusão no programa de imunização nacional.

*Com informações de Ministério da Saúde

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