
[Foto: Divulgação / COP30]
A organização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) anunciou, nesta terça-feira (1º/07), que o personagem Curupira foi escolhido como símbolo oficial da conferência, que será realizada em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro.
Com cabelos em chamas e pés virados para trás, o Curupira é conhecido como guardião das florestas e defensor da fauna. Sua presença na identidade visual do evento busca reforçar a importância da Amazônia e da cultura indígena na luta contra a crise climática. A lenda, originária da tradição oral dos povos originários, tem forte ligação com a região amazônica e com os valores de proteção à natureza.
De acordo com a carta enviada à comunidade internacional pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago, as florestas serão tema central da conferência. Ele destacou que a preservação dos biomas pode ajudar a retardar os impactos das mudanças climáticas. “s florestas podem nos fazer ganhar tempo na ação climática durante uma janela de oportunidade que se está fechando rapidamente”, afirmou.
Curupira
O Curupira é uma das figuras mais emblemáticas do folclore brasileiro, conhecido por ser o protetor das florestas e dos animais. Representado como um menino de cabelos flamejantes e pés virados para trás, o personagem usa suas habilidades para confundir caçadores e invasores da mata, atuando como um guardião da natureza. Sua imagem está profundamente ligada à tradição oral dos povos indígenas, especialmente na região amazônica, onde ainda é lembrado em histórias e crenças populares.
De acordo com a organização da COP30, a primeira menção registrada ao Curupira remonta ao século XVI. Em 1560, o padre José de Anchieta relatou a figura mítica em uma carta escrita em São Vicente, no litoral de São Paulo. O jesuíta, que chegou ao Brasil com a missão de catequizar os povos originários, descreveu o temor dos indígenas diante do Curupira, mencionando que eram feitas oferendas para evitar possíveis ataques do ser lendário. A referência mostra como essa figura já fazia parte do imaginário coletivo dos povos da floresta antes mesmo da consolidação do Estado brasileiro.
O nome “Curupira” tem origem na língua tupi-guarani, em que “curumim” significa menino e “pira” corpo, reforçando a conexão direta do personagem com a ancestralidade indígena e a relação simbólica com o ambiente natural. Ao longo dos séculos, o Curupira passou a ser símbolo de resistência e preservação, representando a luta contra a destruição das matas e o desrespeito às leis da natureza. Hoje, ele é reconhecido como um ícone da cultura popular e um aliado simbólico nas ações de educação ambiental e sustentabilidade.
COP30
A COP30, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro em Belém, no Pará. O evento marca os dez anos do Acordo de Paris, tratado internacional que definiu metas globais para conter o aquecimento do planeta, e será a primeira edição sediada na Amazônia, região crucial para a preservação ambiental.
A UNFCCC, criada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento em 1992 (Rio-92), estabeleceu o regime multilateral para o combate às mudanças climáticas. Este regime baseia-se no princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, que atribui aos países desenvolvidos a liderança na redução de emissões e no apoio financeiro e tecnológico a países em desenvolvimento.
A COP é o órgão máximo da UNFCCC, formado por todos os países que ratificaram a Convenção, totalizando atualmente 198 participantes. As conferências anuais, geralmente em novembro ou dezembro, são espaços para negociações multilaterais que envolvem mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e capacitação, além de temas emergentes como perdas e danos, gênero, povos indígenas e agricultura.