
[Foto: Rodrigo Nunes / MS]
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) divulgou, neste mês, um novo relatório com dados atualizados sobre a situação global da epidemia. Intitulado “Aids, crise e o poder de transformar”, o documento apresenta um alerta sobre a possibilidade de mais 6 milhões de infecções por HIV e 4 milhões de mortes relacionadas à Aids nos próximos cinco anos, caso não haja mudanças urgentes nas estratégias de combate e financiamento da resposta ao vírus.
A agência da ONU destaca que, desde 2010, os esforços globais ajudaram a reduzir em 40% o número de novas infecções. Além disso, 4,4 milhões de crianças foram protegidas da contaminação vertical, aquela transmitida de mãe para bebê. Ao todo, mais de 26 milhões de vidas foram salvas por meio de ações de prevenção e tratamento, que a agência considera entre as mais bem-sucedidas da história da saúde pública.
Apesar dos avanços, o relatório chama a atenção para os cortes drásticos e inesperados de financiamento por parte de doadores internacionais. Segundo o Unaids, esses cortes representam um risco real de retrocessos no controle da epidemia, especialmente na África Subsaariana, região mais impactada.
O relatório também apresenta exemplos de países que estão reforçando os investimentos internos para sustentar suas respostas ao HIV. Entre eles, o Brasil é citado como nação onde os serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento são totalmente financiados pelo governo federal.
Segundo a ONU, em 2023, cerca de 39,9 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo. No mesmo ano, foram registradas 630 mil mortes relacionadas à Aids e 1,3 milhão de novas infecções. Desde o início da epidemia, estima-se que 42,3 milhões de pessoas morreram em decorrência da doença. O número de casos caiu 60% desde 1995.
A meta global firmada por uma aliança entre governos, organizações internacionais, sociedade civil e setor privado é encerrar a Aids como uma ameaça à saúde pública até 2030.
Brasil
Apesar das dificuldades financeiras enfrentadas por muitos países, o relatório do Unaids aponta que cerca de 25 das 60 nações de baixa e média rendas incluídas no levantamento planejam aumentar seus orçamentos domésticos destinados à resposta ao HIV/Aids em 2026. O crescimento coletivo estimado é de 8% em relação aos níveis atuais. Para a agência da ONU, o avanço é positivo, mas ainda considerado insuficiente diante da magnitude do desafio.
O Brasil é citado como exemplo de compromisso nacional com o enfrentamento da epidemia. Toda a aquisição de medicamentos antiretrovirais no país é custeada com recursos do orçamento público, garantindo o acesso gratuito ao tratamento para pessoas vivendo com HIV.
O relatório também destaca os efeitos positivos de políticas de proteção social. Dados mostram que a incidência do HIV/Aids foi 41% menor e a mortalidade 39% mais baixa entre os beneficiários do Programa Bolsa Família.
*Com informações de ONU