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Brasil deve comprar arroz empacotado no mercado internacional para evitar desabastecimento

[Foto: Richard Souza / AN]

Com o objetivo de evitar possíveis aumentos no preço do arroz devido às enchentes no Rio Grande do Sul, responsável por grande parte da produção nacional do grão, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), informou, nesta terça-feira (07/05), que adotará medidas emergenciais. O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou que a Conab comprará arroz já industrializado e empacotado no mercado internacional.

As enchentes causaram perdas na lavoura e em armazéns alagados, além de dificultar a logística de escoamento do produto. O ministro destacou que essa situação poderia levar a um desabastecimento e aumento nos preços no comércio.

“O problema é que teremos perdas do que ainda está na lavoura, e algumas coisas que já estão nos armazéns, nos silos, que estão alagados. Além disso, a grande dificuldade é a infraestrutura logística de tirar do Rio Grande do Sul, neste momento, e levar para os centros consumidores”, explicou o ministro. 

A Conab será autorizada a adquirir 1 milhão de toneladas de arroz empacotado, inicialmente importando 200 mil toneladas dos países vizinhos do Mercosul, como Argentina, Uruguai, Paraguai e, eventualmente, Bolívia. A medida visa evitar especulações e garantir a estabilidade dos preços no mercado interno.

“Uma das medidas já está sendo preparada, uma medida provisória autorizando a Conab a fazer compras, na ordem de 1 milhão de toneladas, mas não é concorrer. A Conab não vai importar arroz e vender aos atacadistas, que são compradores dos produtos do agricultor. O primeiro momento é evitar desabastecimento, evitar especulação”, acrescentou o ministro.

O restante das toneladas será importado conforme a necessidade, priorizando a estabilidade do mercado. O ministro ressaltou que a Conab revenderá o produto apenas para pequenos mercados, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, para não afetar a relação dos produtores brasileiros com os atacadistas.

Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha mencionado a possibilidade de importação de arroz e feijão, o ministro Fávaro esclareceu que apenas a importação de arroz será necessária. O Brasil já produz cerca de 10,5 milhões de toneladas de arroz anualmente, mas o consumo interno supera essa produção, o que torna a importação um recurso comum todos os anos.

Prorrogação das dívidas

O ministro anunciou que, em resposta às demandas dos produtores rurais do Rio Grande do Sul após as chuvas no estado, o governo analisará um pedido de prorrogação imediata de todos os débitos do setor por 90 dias. Isso inclui o adiamento do pagamento de parcelas de empréstimos e operações financeiras de custeio e investimentos contratadas pelos produtores.

Fávaro se reuniu com representantes da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul e 123 sindicatos rurais para avaliar as necessidades do setor diante do desastre causado pelas chuvas. A medida precisa ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), composto pelos ministérios da Fazenda, do Planejamento e pelo Banco Central. Uma reunião extraordinária do CMN está prevista para os próximos dias para discutir e encaminhar o pedido dos produtores gaúchos.

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