Brasil intensifica combate à hanseníase diante de altos índices de novos casos
O Brasil ocupa a segunda posição mundial em número de novos casos de hanseníase diagnosticados anualmente. Apesar da redução gradual na taxa de detecção ao longo dos anos, o país ainda enfrenta números expressivos, com destaque para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que apresentam alta ou muito alta endemicidade. Em 2023, quase metade dos municípios brasileiros (49,9%) notificaram ao menos um caso da doença, com uma taxa nacional de 10,68 casos por 10 mil habitantes, classificando o país como de alta endemicidade.
Para reforçar a conscientização e o combate à doença, a campanha “Hanseníase, Conhecer e Cuidar, de Janeiro a Janeiro” foi lançada este ano com o objetivo de promover ações contínuas de informação e enfrentamento do estigma associado à hanseníase. A iniciativa busca mobilizar estados e municípios para fortalecer o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, além de conscientizar a população sobre a importância de completar o tratamento.
Um dos principais desafios no enfrentamento da hanseníase é o abandono do tratamento, que compromete a eficácia terapêutica e perpetua a transmissão. Entre 2014 e 2023, foram registrados 247,1 mil novos casos no Brasil, sendo que 6,6% foram encerrados por abandono. O índice subiu de 4,5% em 2014 para 8% em 2023, representando um aumento de 78,7%.
A hanseníase integra o Programa Brasil Saudável, uma iniciativa do governo federal para eliminar doenças determinadas socialmente, com ações intersetoriais que dialogam com políticas de moradia, saneamento básico, renda e educação, em alinhamento com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e a estratégia da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para eliminação de doenças nas Américas.
Diagnóstico e tratamento
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, transmitida pelas vias aéreas superiores, como espirro, tosse ou fala, após contato prolongado com indivíduos não tratados. O diagnóstico é clínico, baseado em exames dermatológicos e neurológicos, e o tratamento, oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é feito com poliquimioterapia, interrompendo a transmissão nos primeiros dias de uso.
Os principais sintomas incluem manchas de diferentes tonalidades com perda de sensibilidade ao calor, frio e toque, espessamento de nervos periféricos, formigamento e diminuição da força muscular, além de nódulos dolorosos em casos mais graves.
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) indicam que os registros da doença aumentam no primeiro semestre, entre janeiro e maio, impulsionados pelas campanhas de conscientização do “Janeiro Roxo”, e apresentam queda nos últimos meses do ano.
O enfrentamento da hanseníase no Brasil exige o engajamento da população e das autoridades de saúde para garantir o diagnóstico precoce, adesão ao tratamento e a superação dos desafios sociais associados à doença.
Com informações do Ministério da Saúde.