
[Foto: Aline / GE]
Chegou ao fim no domingo, dia 22 de junho, a Bienal do Livro Rio 2025, que transformou os pavilhões do Riocentro em um cenário vibrante de celebração da leitura. Com corredores lotados durante todo o evento, a feira reuniu milhares de visitantes em busca de livros, conhecimento e contato direto com autores. A edição foi marcada por inovações, como salas temáticas de Escape Room e até a presença de um dinossauro em tamanho real, o Robert Gigante. Ainda assim, os grandes protagonistas continuaram sendo os livros e seus criadores.
Um dos espaços mais visitados foi o dos autores independentes, onde novos talentos da literatura apresentaram suas obras ao público. Entre eles, H. F. Pessoa, autor de O Diário de Hass, compartilhou a motivação por trás da sua fantasia sombria, que nasceu após uma experiência pessoal transformadora. “A ideia surgiu e ficou martelando na cabeça de forma recorrente, e só parou quando consegui colocar no papel”, contou. O autor destacou ainda a adaptação do livro para pessoas com TDAH e outras dificuldades de leitura: “Fui filtrando a linguagem para que pessoas como eu pudessem acessar melhor o conteúdo”.
Diretamente do Recôncavo Baiano, a professora Gleysa Teixeira Siqueira apresentou Uma História de Cabeluda, biografia de uma mulher que viveu da prostituição e se tornou cafetina. “É uma história resiliente e que atravessa vários temas. Um livro cativante, envolvente, cheio de mistérios e segredos revelados”, afirmou a autora.
A literatura infantil e juvenil também teve destaque. O escritor Gabriel Murillo lançou O Fantástico Mundo dos Livros, sobre uma menina viciada em celular que é transportada para um universo de fantasia. “Não é uma crítica à tecnologia, mas ao uso indevido dela”, explicou. Vestido como personagem da própria obra, Gabriel chamou atenção dos visitantes: “É uma estratégia lúdica que ajuda bastante nas vendas”.
Outra obra voltada ao público jovem foi As Tranças de Niara, da autora Regiane Silva, que aborda a valorização das trancistas e o resgate da tradição de trançar os cabelos. Já a autora Kayla Rocha Braga trouxe uma proposta educacional inovadora com Matemática Inclusiva e Suas Descobertas, primeiro livro de matemática adaptado para pessoas com deficiência intelectual. “Se é possível adaptar na matemática, é possível adaptar em qualquer área do conhecimento”, defendeu.
Entre os lançamentos voltados à educação emocional, Adriana Gamelas apresentou Pode Chorar, inspirado em experiências vividas em sala de aula. “Fala sobre reconhecer as emoções, mostrando que pode sim chorar”, explicou. Ela também lançou Pergunte ao Vento, uma homenagem a Carlos Drummond de Andrade.
Romances e histórias de fantasia também estiveram presentes. Amanda Freira lançou Acordo Real, um romance cristão inspirado na história de Ester. A autora Gabrielli Hathaway trouxe os livros Eu Não Conto Se Você Não Contar e Garotas Boazinhas Sofrem Caladas, ambos com grande aceitação entre o público jovem. “Fiz uma pesquisa no sistema criminal e entrevistei advogados e vítimas para construir a trama”, contou Gabrielli.
Com temática inspirada em viagem no tempo, Gisele Fortes destacou a importância do evento para os autores independentes: “A diferença de procura pelos nossos livros cresceu absurdamente. Ver essa juventude interessada em literatura é muito animador”, declarou. Já Cristine Pombo apresentou obras que misturam poesia, culinária ayurvédica, literatura infantil e desenvolvimento pessoal.
Estreando na Bienal, Ricardo Andrade compartilhou sua experiência como mestre de Taekwondo e autor de Entrelaçados, livro que mescla relatos de vida e valores como empatia e inclusão. “Eu não fiz o livro por dinheiro. Eu fiz por conceito”, afirmou emocionado após relatar momentos de impacto com jovens leitores.
Na literatura fantástica, Edu Ravallet lançou Triumphus e sua continuação Ventos da Canção, inspirados por autores como Tolkien, Stephen King e Clarice Lispector. Já Diana Correa trouxe a segunda edição de Nascida para a Guerra, trilogia sobre uma jovem que se disfarça de irmão gêmeo para combater na guerra. “Quis mostrar um lado mais íntimo de uma mulher no ambiente militar”, explicou.
A autora Isabella Ismile apresentou Toda Crespa, livro sobre autoestima e amor próprio voltado para mulheres negras. “É minha primeira Bienal e estou amando. Muito movimento”, comemorou.
Outro destaque do evento foi o estande da Gráfica do Senado, que exibiu publicações legislativas, biografias e obras literárias com valor histórico. Uma réplica da primeira Constituição da República, de 1891, e uma oficina tipográfica do jornal A Família, do século XIX, também atraíram os visitantes. “Temos mais de 500 títulos no site, muitos com valor histórico que não são impressos de outra maneira. E todos a preço de custo, com frete grátis”, explicou Abelardo Mendes Júnior, chefe do Serviço de Multimídia da Gráfica Senado.
A Bienal do Livro Rio 2025 reafirmou seu papel como espaço de celebração da literatura, formação de leitores e valorização da produção nacional, com destaque para os novos autores e para a pluralidade de vozes e temas. Seus números refletem sua grandiosidade, tendo registrado aproximadamente 740 mil visitantes e 7 milhões de livros vendidos, em 10 dias de evento.