
Foto: Richard Souza / AEF
O Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria GO Associados, divulgou, nesta terça-feira (15/07), a 17ª edição do Ranking do Saneamento, com foco nos 100 municípios mais populosos do país. O levantamento é baseado em dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA), com ano-base de 2023.
Nesta edição, Campinas (SP) lidera o ranking, seguida por Limeira (SP) e Niterói (RJ). O estudo avalia três dimensões: nível de atendimento, melhoria do atendimento e eficiência dos serviços de saneamento.
O índice aponta que apenas 12 municípios investem acima da média considerada necessária para atingir a universalização dos serviços de água e esgoto, estimada em R$ 223,82 por habitante ao ano. Entre os 20 piores colocados, o investimento médio foi de R$ 78,40, o que representa cerca de 65% abaixo do ideal. A capital com o menor investimento foi Rio Branco (AC), com R$ 8,09 por habitante.
Situação nas capitais
Das 27 capitais brasileiras, apenas sete têm 99% ou mais de cobertura de água. O menor índice foi registrado em Porto Velho (RO), com 35,02%. Na coleta de esgoto, seis capitais superam os 90% de cobertura, enquanto Porto Velho (RO) e Macapá (AP) têm índices abaixo de 10%. Já em relação ao tratamento de esgoto, apenas cinco capitais tratam mais de 80% dos resíduos gerados: Curitiba (PR), Brasília (DF), Boa Vista (RR), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA).
O indicador de perdas de água na distribuição também apresenta resultados preocupantes. A média entre os 100 municípios avaliados foi de 45,43%, superior ao limite de 25% definido como ideal.
Destaques positivos e negativos
Campos dos Goytacazes (RJ) teve o maior avanço no ranking, subindo 22 posições – da 47ª em 2024 para a 25ª em 2025. Canoas (RS) e Uberaba (MG) também apresentaram evoluções expressivas.
Por outro lado, Campo Grande (MS), São José dos Pinhais (PR) e Rio de Janeiro (RJ) registraram as maiores quedas. Segundo o levantamento, essas cidades apresentaram redução no índice de atendimento de água em comparação ao ano anterior.
Diferença entre os extremos
A comparação entre os 20 melhores e os 20 piores municípios evidencia o impacto dos investimentos. Enquanto o grupo com melhor desempenho teve média de R$ 176,39 investidos por habitante, o grupo com pior desempenho investiu R$ 78,40. Municípios com maiores investimentos registraram índices superiores nos atendimentos de água (98,85% contra 81,50%) e de esgoto (97,40% contra 30,07%).
Também houve diferença na eficiência operacional. As perdas de água na distribuição foram 44% menores entre os 20 melhores colocados. Em relação ao volume de perdas por ligação, a diferença foi de 417 litros por dia.
Cobertura nacional
A média de atendimento de água entre os 100 maiores municípios foi de 93,91%, acima da média nacional de 83,1%. Na coleta de esgoto, a média foi de 77,19% (a média nacional é 55,2%). Já o índice de tratamento de esgoto ficou em 65,11% — também superior à média do país, que é de 51,8%, segundo o SINISA.
Apesar de alguns avanços, o estudo reforça que o país ainda está distante da meta de universalização dos serviços de saneamento até 2033, conforme estabelece o Novo Marco Legal do Saneamento. As regiões Norte e Nordeste concentram a maioria dos municípios com desempenho inferior, enquanto os melhores resultados estão nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
Investimentos por habitante
A média de investimento entre os 100 municípios foi de R$ 103,16 por habitante em 2023 — abaixo da média de R$ 138,68 registrada em 2022. Apenas 17 municípios investiram mais de R$ 200 por habitante. No outro extremo, 49 investiram menos de R$ 100.
Cuiabá (MT) foi a capital com maior investimento per capita: R$ 415,02. São Paulo (SP) aparece em segundo lugar, com R$ 198,97, seguida de Campo Grande (MS), com R$ 195,31. A média das capitais foi de R$ 130,05, pouco mais da metade do valor ideal. Rio Branco (AC) registrou o menor investimento, com R$ 8,09 por habitante.
*Com informações de Instituto Trata Brasil