
[Foto: Aline / GE]
O papel da leitura coletiva na formação de hábitos e comunidades foi o tema central da mesa “O poder dos clubes do livro: como as leituras coletivas estimulam hábitos e criam comunidades engajadas”, realizada na última sexta-feira (20/06) no Palco Apoteose Shell, na Bienal do Livro Rio. A jornalista Fátima Bernardes mediou o encontro, que reuniu o historiador Leandro Karnal, a apresentadora Gabriela Priolli e o diretor de cinema e escritor Rodrigo França.
Durante a conversa, Gabriela Priolli destacou como os clubes de leitura funcionam como apoio para quem deseja manter o hábito da leitura mesmo em uma rotina atribulada. Ela, que conduz um clube de leitura virtual ao lado de Karnal — atualmente em sua sexta edição —, ressaltou a importância do compromisso coletivo para impulsionar o interesse pelos livros.
“É maravilhoso ver quantas pessoas retomaram ou intensificaram o hábito de ler”, afirmou.
Leandro Karnal refletiu sobre o impacto das telas na rotina contemporânea e defendeu que a leitura é um tempo melhor investido, por enriquecer o conhecimento e estimular o crescimento pessoal. Segundo o historiador, ler transforma o olhar do indivíduo:
“À medida que você se aprofunda nos livros, é natural se tornar mais seletivo com suas companhias e valorizar trocas de ideias mais sofisticadas.”
Karnal também abordou a leitura como um processo psicanalítico, destacando que, mesmo no século XIX, livros já tratavam de temas como homoafetividade e sexualidade feminina — assuntos que desafiavam a moral da época. “É aí que você descobre que o mundo não se restringe à sua casa ou ao seu emprego”, disse.
Rodrigo França emocionou o público ao comentar a representatividade presente em suas obras. Ele destacou que seu público é majoritariamente formado por pessoas negras — cerca de 78% —, especialmente professores da rede pública.
“Sou de uma geração que não se via nos livros. Saber que os meus estão mudando isso me emociona”, declarou. Para ele, a leitura é uma das mais importantes ferramentas de criatividade: “Se você não exercita sua criatividade, ela enfraquece.”
Karnal também valorizou a atuação dos clubes de leitura nas redes sociais, que segundo ele, ajudam a democratizar o acesso ao conhecimento. Comparou ainda o hábito de ler ao de tomar banho: “Leitura é banho: não se faz só quando dá vontade, se faz porque vira hábito.”