
[Foto: Richard Souza / AN]
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30/07) uma Ordem Executiva que eleva para 50% a tarifa de importação sobre diversos produtos brasileiros. A medida, que já era esperada e estava inicialmente prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, foi adiada para o dia 6 de agosto e veio acompanhada de uma ampla lista de exceções que preserva parte significativa do comércio bilateral entre os dois países. Apesar da expectativa de grande impacto nas esportações brasileiras, o adiamento e a lista de exceções podem ser consideradas uma vitória parcial para ambos os países.
Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), 694 produtos foram excluídos da nova taxação, representando 43,4% do total de US$ 42,3 bilhões comercializados entre Brasil e Estados Unidos em 2024. Com isso, cerca de US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras ficarão isentos da tarifa adicional.
Entre os itens preservados da sanção estão combustíveis, aeronaves civis, minérios, fertilizantes, motores e peças, além de suco e polpa de laranja. Juntos, esses produtos correspondem a uma parcela expressiva das vendas do Brasil para o mercado norte-americano, com destaque para os combustíveis, que somaram US$ 8,5 bilhões no último ano.
A nova política tarifária foi justificada por Trump como uma reação ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro por autoridades brasileiras, com críticas direcionadas ao Supremo Tribunal Federal e ao ministro Alexandre de Moraes. Apesar da retórica do governo norte-americano, a exclusão de parte relevante das exportações e o adiamento da aplicação indicam uma moderação nos impactos imediatos para setores estratégicos da economia brasileira.
A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, embora anunciada como uma medida contra o Brasil, pode gerar um efeito bumerangue significativo na economia americana. Produtos como suco e polpa de laranja, combustíveis, aeronaves civis, minérios, fertilizantes, motores e peças, que estão na lista de exceções, são amplamente consumidos ou utilizados como insumos nos Estados Unidos. A taxação desses itens poderia elevar os preços no mercado interno, impactando diretamente o bolso dos consumidores e podendo aumentar possível insatisfação com os custos já considerados elevados pelos consumidores. A decisão de criar uma extensa lista de produtos que não sofrerão a taxação de 50% pode ter sido uma estratégia para mitigar um impacto negativo doméstico, evitando que a medida tarifária sobre importações de produtos brasileiros se voltasse contra a própria economia americana.