Relatório dos Médicos Sem Fronteiras cita restrições e violência que impedem acesso à saúde para palestinos em Hebron
Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), lesões físicas, traumas mentais e acesso restrito a cuidados médicos são uma realidade cotidiana para muitos palestinos que vivem na cidade de Hebron, na Cisjordânia, e arredores. Esta é a conclusão do relatório “Vidas Ocupadas: o Risco de Transferência Forçada de Palestinos em Hebron” (publicado em inglês, com o título “Occupied Lives: The Risk of Forcible Transfer of Palestinians in Hebron”) divulgado pela MSF nesta terça-feira (06/08).
Restrições e Violência
O relatório detalha que as restrições impostas pelas forças israelenses, juntamente com a violência perpetrada por soldados e colonos, estão tornando o acesso a cuidados médicos cada vez mais precário para os palestinos em Hebron. Clínicas do Ministério da Saúde em toda a província foram forçadas a fechar, farmácias ficaram sem medicamentos e ambulâncias que transportavam doentes e feridos foram obstruídas e atacadas.
Impacto na Saúde
Diante dessas restrições e da ameaça constante de violência, muitos palestinos adiam consultas médicas ou interrompem tratamentos completamente. Além disso, famílias enfrentam graves dificuldades financeiras após perderem seus meios de subsistência, forçando muitas a cancelar seguro de saúde, limitar a alimentação e ficar sem medicamentos essenciais.
Depoimentos e Impacto Psicossocial
Depoimentos de pacientes e pessoas das comunidades palestinas apoiadas pela MSF expõem as consequências das restrições de movimento e da violência no acesso aos cuidados médicos. O relatório descreve o impacto devastador no bem-estar físico e psicológico das pessoas. Uma das áreas mais restritas é conhecida como H2, onde 21 postos de controle permanentes são operados por forças israelenses, representando barreiras significativas para profissionais de saúde.
Escalada da Guerra em Gaza
Após o início da escalada brutal da guerra em Gaza, em 7 de outubro, as clínicas do Ministério da Saúde dentro do H2 ficaram fechadas por dois meses. Apenas uma clínica conseguiu reabrir, pois a maioria da equipe não tinha permissão para cruzar o posto de controle israelense. A ameaça contínua da violência coloca uma pressão intensa sobre a saúde mental das pessoas. Um paciente palestino em Masafer Yatta relatou: “Quando os soldados vêm à noite para incursões domiciliares, meus filhos e minha esposa se escondem atrás de mim para proteção, mas eu não consigo protegê-los”.
Deslocamento Forçado
O relatório também lança luz sobre o deslocamento forçado na província de Hebron. Políticas e práticas coercitivas e violentas por parte de autoridades israelenses e colonos estão levando um número crescente de famílias palestinas a fugir de suas casas, configurando uma possível transferência forçada. Desde outubro de 2023, as equipes de MSF têm respondido às necessidades de mais de 1.500 palestinos em Hebron que foram deslocados à força, tiveram suas casas demolidas ou seus bens destruídos.
Com informações da Comunicação de MSF.