
[Foto: Reprodução de vídeo / instagram]
A Prefeitura de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro informou que a Praia do Sossego e o Mirante local, em Camboinhas, passarão a levar o nome de Juliana Marins, de 26 anos, moradora da cidade que morreu durante uma trilha na Indonésia. A homenagem foi confirmada após encontro entre o prefeito Rodrigo Neves, familiares e amigos da jovem, nesta sexta-feira (27/06). Com o anúncio, a Praia do Sossego e o Mirante passarão a se chamar Trilha e Mirante Juliana Marins.
Juliana caiu em uma cratera do vulcão Monte Rinjani, na ilha de Lombok, no último sábado (21), e teve a morte confirmada pelas equipes de resgate. Mariana Marins, irmã de Juliana agradeceu a prefeitura e disse a escolha do local para a homenagem está ligada ao forte vínculo afetivo da jovem com a região.
“A Praia do Sossego era um dos lugares preferidos da minha irmã. Foi ela quem me apresentou àquele paraíso e vivemos momentos especiais ali, junto com amigas. Em meio a tanta dor e a tantas notícias falsas que circularam nos últimos dias, encontrar o apoio da prefeitura de Niterói e do prefeito, que acreditou na nossa palavra desde o início, foi fundamental”, disse Mariana.
Juliana Marins
A brasileira caiu caiu durante uma trilha no vulcão, na manhã de sábado (21/06), e deslizou por centenas de metros até uma área de difícil acesso. As buscas e mobilizações duraram quatro dias e enfrentaram dificuldades causadas por más condições climáticas, neblina densa, terreno íngreme e limitações logísticas.
Na terça-feira (24), por volta das 18h (horário local), um dos resgatistas conseguiu chegar até a brasileira, mas ela já estava sem vida. Devido à complexidade do terreno, a equipe precisou montar um acampamento no local. O içamento do corpo foi concluído nesta quarta-feira por volta das 14h45 (horário local), e o deslocamento da maca com o corpo até a entrada do parque teve início às 15h, com previsão de duração de cerca de oito horas.
A morte da jovem foi confirmada por familiares ainda na manhã de terça-feira, por meio de uma publicação nas redes sociais. A notícia causou forte comoção e revolta entre internautas, que questionaram a demora no resgate e a condução da operação pelas autoridades locais. Críticas foram direcionadas à logística empregada, à transparência das informações e à qualidade dos equipamentos utilizados. A irmã de Juliana, Mariana Marins, também questionou a estrutura disponível, classificando os materiais como inadequados.
Após o incidente, o Parque Nacional Gunung Rinjani anunciou o fechamento temporário da trilha para o Puncak Rinjani, local do acidente, como forma de garantir a segurança e facilitar a evacuação da vítima. A decisão foi tomada quatro dias após o ocorrido.
Juliana Marins era formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e atuava como dançarina de pole dance. Ela compartilhava registros de sua viagem pelas redes sociais e havia passado por outros países da Ásia, como Vietnã, Filipinas e Tailândia.
O caso segue gerando grande repercussão nas redes sociais. Familiares afirmaram que vão buscar justiça e apontaram que Juliana “sofreu uma grande negligência por parte da equipe de resgate”, destacando que, se o atendimento tivesse sido feito dentro do prazo estimado de sete horas, ela poderia ter sobrevivido.
Luto oficial
Após a confirmação da morte da jovem, na quarta-feira (25/06), a administração municipal decretou luto oficial de três dias e informou que arcará com os custos do traslado do corpo de Juliana para o Brasil.
Em redes sociais, a Prefeitura disse que “com tristeza a notícia do falecimento de Juliana Marins, jovem niteroiense que sonhava em conhecer o mundo e viveu com alegria e coragem”.
Traslado
O prefeito Rodrigo Neves (PDT/RJ) afirmou, pelas redes sociais, que a gestão municipal arcaria com todos os custos da logística de repatriação e se colocou à disposição da família para oferecer apoio neste momento de luto. A decisão foi comunicada na noite de quarta-feira (25).
O ex-jogador de futebol Alexandre Pato também se prontificou a arcar com os custos do translado internacional. A oferta foi feita publicamente, como forma de apoio à mobilização que ganhou repercussão nacional.
Por meio de redes sociais, neste sábado (28/06), a irmã da jovem, confirmou que o traslado do corpo de Juliana será realizado pela Prefeitura de Niterói: “E quem vai pagar o translado da Juliana é a prefeitura de Niterói”, publicou Mariana Marins.
Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, na quinta-feira (26/06), que o Governo Federal arcaria com os custos do traslado do corpo de Juliana. A medida contraria o decreto 9.199/2017, que atualmente impede o custeio dessas despesas pelo Estado brasileiro.
O Decreto nº 12.535, publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (27/06), que altera as regras para o custeio do traslado de corpos de brasileiros falecidos fora do país. A medida estabelece hipóteses excepcionais para que o Ministério das Relações Exteriores possa custear as despesas com o traslado quando a família não tiver condições financeiras.
Segundo o decreto, o traslado poderá ser autorizado se forem cumpridos os seguintes critérios:
- I – A família comprovar incapacidade financeira para custear as despesas com o traslado;
- II – As despesas com o traslado não estiverem cobertas por seguro contratado pelo falecido ou previstas em contrato de trabalho, caso o deslocamento tenha ocorrido a serviço;
- III – O falecimento ocorrer em circunstâncias que causem comoção;
- IV – Houver disponibilidade orçamentária e financeira para o custeio.
O decreto determina ainda que os critérios e procedimentos para concessão e execução do traslado serão regulamentados pelo Ministro das Relações Exteriores.