
Estudantes desanmados I Foto: Ilustrativa / Google Gemini
[Foto: Ilustrativa / Google Gemini]
Um estudo realizado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Itaú Social revelou contrastes significativos na percepção de estudantes do 6º ao 9º ano sobre a escola. A pesquisa, feita durante a Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas, mobilizou 46% das instituições de ensino que oferecem os anos finais do ensino fundamental nas redes municipais, estaduais e distrital de todo o país.
No lançamento do relatório, em Brasília, a secretária da Secretaria de Educação Básica do MEC, Katia Schweickardt, destacou que “todos aprendem de um jeito diferente” e que a preparação deve incluir professores, comunidade escolar e currículo. Para ela, o currículo deve ser entendido como uma experiência de vida significativa, e não apenas um documento formal.
A pedagoga Tereza Perez, da organização Roda Educativa, alertou que a homogeneização do ensino provoca reprovação, evasão e abandono escolar.
Resultados da pesquisa
- Acolhimento e pertencimento: 66% dos alunos do 6º e 7º anos se sentem acolhidos na escola, contra 54% dos alunos do 8º e 9º anos. A confiança em pelo menos um adulto na escola foi citada por 75% dos mais jovens, mas apenas 45% entre os mais velhos. Em escolas com mais vulnerabilidade social, 69% sentem acolhimento, contra 56% em contextos de menor vulnerabilidade.
- Socialização: 65% dos mais jovens consideram que a escola favorece amizades, índice que cai para 55% entre os mais velhos. Apesar disso, 8 em cada 10 alunos afirmaram ter amigos na escola. Já a relação com os professores apresenta dificuldades: apenas 39% dos estudantes do 6º e 7º anos e 26% do 8º e 9º anos afirmaram respeitar e valorizar seus docentes.
- Conteúdos considerados mais importantes:
- 6º e 7º anos: disciplinas tradicionais (48%), corpo e socioemocional (31%), habilidades para o futuro (21%), direitos e sustentabilidade (13%);
- 8º e 9º anos: disciplinas tradicionais (38%), corpo e socioemocional (29%), habilidades para o futuro (24%), direitos e sustentabilidade (13%).
A superintendente do Itaú Social, Patrícia Mota Guedes, ressaltou que o Brasil por décadas não teve políticas voltadas para a adolescência na educação, mas que, desde 2023, com o projeto Escola das Adolescências, o MEC vem construindo políticas públicas a partir da escuta direta dos estudantes.
A estudante Dandara Vieira Melo, de 13 anos, participante do programa Travessia do Unicef no Acre, relatou que a diminuição da distorção idade-série mudou sua visão sobre a escola: “É um lugar para que eu possa aprender mais, conhecer novas culturas, novas pessoas e para fazer novas amizades”.
Com informações da Agência Brasil.