
[Foto: Richard Souza / AN]
A Reunião de Mulheres Parlamentares do Brics marcou, nesta terça-feira (3), o início das atividades do 11º Fórum Parlamentar do bloco, com destaque para a inclusão da perspectiva de gênero nas agendas climática, digital e econômica. O evento, realizado na Câmara dos Deputados, antecedeu as sessões temáticas do Fórum e teve como eixo central o papel das mulheres na era da inteligência artificial.
A senadora Leila Barros (PDT-DF), líder da bancada feminina no Senado, destacou na abertura que o lema da presidência brasileira no Brics é a construção de uma governança mais inclusiva e sustentável. “Não é possível falar em desenvolvimento sem igualdade de gênero. Estamos aqui para construir um Brics com rosto feminino”, declarou.
A deputada Jack Rocha (PT-ES), coordenadora-geral da bancada feminina na Câmara, defendeu que a participação das mulheres em decisões políticas é uma necessidade estratégica, especialmente nas políticas climáticas. “As políticas climáticas devem integrar a perspectiva de gênero desde a concepção”, afirmou.
A embaixadora Maria Laura da Rocha, secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores, considerou a reunião um marco no reconhecimento das mulheres como protagonistas da transformação social e ressaltou a importância de regulação da inteligência artificial com foco na equidade.
Durante a primeira sessão de trabalho, intitulada Mulheres na Era da Inteligência Artificial, parlamentares de diferentes países discutiram o impacto da tecnologia nas oportunidades e nos riscos à equidade de gênero. A senadora Tereza Cristina (PP-MS) defendeu uma agenda comum de inovação com recorte de gênero. “A inteligência artificial não é neutra. Se a deixarmos seguir apenas a lógica algorítmica, sem regulação ou participação diversa, ela ampliará desigualdades”, alertou.
A deputada Delegada Katarina (PSD-SE) lembrou que a presidência brasileira do Brics tem entre suas prioridades a construção de uma governança ética da inteligência artificial. “Precisamos assegurar que as novas tecnologias respeitem os direitos humanos e ampliem a inclusão feminina”, pontuou.
Parlamentares internacionais também contribuíram com experiências nacionais. Qian Fangli, representante da China, mencionou o papel de 47 milhões de mulheres no comércio digital em seu país. Shabari Byreddy, da Índia, defendeu uma regulação cuidadosa da IA para evitar exclusão. Sara Falaknaz, dos Emirados Árabes Unidos, destacou que o país prioriza o empoderamento feminino em setores estratégicos como o espacial.
Único homem a discursar na reunião, Mostafa Taheri, do Irã, afirmou que apenas 22% dos especialistas em inteligência artificial no mundo são mulheres e defendeu a participação feminina na construção do futuro tecnológico. “Uma visão tecnológica sem a voz das mulheres será sempre incompleta”, disse.
A programação da tarde seguiu com duas sessões de trabalho: Fortalecendo as Mulheres para Enfrentar a Crise Climática e Construindo o Futuro: as Mulheres Parlamentares e a Agenda Brics 2025. As atividades se encerraram com o intercâmbio com o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), que discutiu estratégias de financiamento com foco na inclusão de gênero. Em seguida, foi realizado um coquetel de boas-vindas no Salão Negro do Congresso Nacional.
O Fórum Parlamentar do Brics prossegue nesta quarta-feira (4), com a sessão solene de abertura e debates temáticos com delegações dos países-membros e aliados.
Com informações da Agência Senado.