O Ministério da Saúde firmou, nesta terça-feira (14), um Memorando de Entendimento (MoU) com a biofarmacêutica chinesa Gan & Lee Pharmaceuticals e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento de terapias voltadas ao tratamento de cânceres, diabetes, obesidade e doenças autoimunes no Sistema Único de Saúde (SUS). O acordo também prevê o fortalecimento de estudos clínicos no país.
Ao anunciar a parceria, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou o alinhamento entre os governos brasileiro e chinês para ampliar a cooperação produtiva e científica. “Há um grande empenho dos governos do Brasil e da China para que essa parceria estratégica entre a Fiocruz, a Biomm e a Gan & Lee seja produtiva, capaz de gerar conhecimento conjunto e garantir mais medicamentos ao povo brasileiro”, afirmou. Padilha também convidou o CEO da empresa, Wei Chen, a visitar o Brasil ainda este ano.
Wei Chen declarou que o acordo representa “um novo patamar de cooperação tecnológica” e afirmou que o projeto pode se tornar modelo de colaboração internacional, contribuindo para ampliar o acesso a terapias modernas e seguras.
Entre os focos da cooperação está o desenvolvimento de medicamentos análogos ao hormônio GLP-1, substância produzida naturalmente no intestino e utilizada em terapias para diabetes tipo 2 e obesidade por sua atuação na regulação do apetite, da glicose e da saciedade.
Expansão da produção de insulina glargina
O MoU amplia a parceria anunciada em setembro pelo Ministério da Saúde para viabilizar a produção nacional de insulina glargina — hormônio de ação prolongada usado no tratamento de diabetes tipo 1 e 2. A iniciativa envolve Bio-Manguinhos (Fiocruz), Biomm e a Gan & Lee, com previsão inicial de produção de 20 milhões de frascos para o SUS.
A insulina glargina da Gan & Lee, biossimilar da Lantus (Sanofi) e já comercializada em mais de 30 países, deverá impulsionar a autonomia produtiva nacional, diminuir custos logísticos e reduzir a vulnerabilidade às flutuações cambiais.
A produção será realizada em etapas. Inicialmente, o envase e a rotulagem ocorrerão no Brasil, utilizando Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) importado. Posteriormente, a fabricação do IFA será nacionalizada no Centro Tecnológico em Insumos Estratégicos (CTIE) da Fiocruz, no Ceará.
Objetivos do acordo
O memorando estabelece metas estratégicas para fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), entre elas:
- redução da dependência de importações, com migração gradual da compra de IFA para produção nacional;
- fortalecimento da cadeia produtiva de insumos estratégicos, estimulando fornecedores, logística e biotecnologia;
- possível redução de custos para o SUS, caso a produção interna diminua despesas de importação;
- avanços científicos, com ampliação de estudos clínicos e desenvolvimento de novas terapias para doenças crônicas e autoimunes.
Durante a assinatura do acordo, a vice-presidente da Fiocruz, Priscila Ferraz, destacou que o MoU “amplia possibilidades de tratamento de doenças importantes para a saúde pública” e reforça a cooperação tecnológica. Segundo ela, a experiência da Gan & Lee na produção de insulina — utilizada na China há mais de 20 anos — abre novas frentes de inovação e fortalecimento da capacidade produtiva brasileira.
Com informações do Ministério da Saúde.