
[Foto: Richard Souza / GE]
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou nesta quinta-feira (11/09) suas projeções para a inflação e o crescimento da economia brasileira em 2025. Segundo o Boletim Macrofiscal, a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 4,9% para 4,8%. Apesar da redução, o índice segue acima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O boletim atribui a revisão à oferta excessiva de bens no mercado mundial, em parte resultante das tarifas comerciais aplicadas pelos Estados Unidos, e ao efeito defasado da valorização do real. A menor inflação no atacado agropecuário e industrial também contribuiu para o ajuste na projeção. O documento considera ainda a bandeira amarela na conta de energia elétrica em dezembro.
Para 2026, a previsão é que o IPCA fique em 3,6%, com convergência para o centro da meta a partir de 2027.
O boletim mantém a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 4,7%, índice usado para reajustar o salário mínimo e aposentadorias. Já o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) teve sua previsão reduzida de 4,6% para 2,6% em 2025, devido à maior sensibilidade do indicador ao dólar.
Revisão do PIB
A estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) também foi revisada para baixo, de 2,5% para 2,3%. O boletim aponta que o resultado do segundo trimestre ficou abaixo do esperado, refletindo o impacto da política monetária restritiva, que levou à desaceleração do crédito e da atividade econômica. A taxa básica de juros permanece em 15% ao ano, o que contribuiu para a redução da expansão interanual das concessões reais de crédito de 10,5% no trimestre encerrado em dezembro de 2024 para 2,4% no trimestre encerrado em julho de 2025.
“Esse quadro de desaquecimento da atividade econômica está associado à política monetária restritiva, levando à desaceleração do crédito. Com a taxa de juros básica em 15% ao ano, já se observou redução na expansão interanual das concessões reais de crédito de cerca de 10,5% no trimestre encerrado em dezembro de 2024 para 2,4% no trimestre encerrado em julho”, diz o boletim.
No segundo trimestre, o crescimento da economia desacelerou de 1,3% para 0,4%, influenciado pela queda na produção da indústria de transformação e construção e pela redução nos serviços públicos. Houve também desaceleração no consumo das famílias, no gasto do governo e no investimento privado.
As projeções setoriais indicam crescimento de 1,4% para a indústria, 2,1% para os serviços e de 8,3% para o PIB agropecuário, impulsionado pelo aumento na produção de milho e algodão e no abate de bovinos, considerando os impactos das tarifas adicionais dos Estados Unidos e as medidas de mitigação do Plano Brasil Soberano.