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Medicamento antiviral contra a Covid-19 está sendo estudado pela Fiocruz

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[Foto: Raul Santana / Acervo Casa Oswaldo Cruz]

Uma parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) coma a empresa Microbiológica e o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), busca desenvolver um antiviral de uso oral contra a Covid-19. A substância batizada pelos pesquisadores de MB-905, foi purificada a partir da cinetina e demonstrou-se eficaz em inibir a replicação do Sars-CoV-2 em linhagens de células humanas hepáticas e pulmonares, além de auxiliar a frear o processo inflamatório desencadeado no organismo pelo vírus. A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Communication. O dissiê pré-clínico foi encaminhado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para que, a partir da aprovação, seja iniciada a primeira fase de ensaios clínicos.

De acordo com a Fiocruz, a substância MB-905 desorganiza o genoma do vírus causando uma catástrofe na síntese de seu material genético, o RNA, processo considerado crucial para a replicação viral.

Segundo o pesquisar Thiago Moreno, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), essa ação é fundamental no combate ao vírus da Covid-19, uma vez que a doença não manifesta apenas uma destruição viral, mas serve como gatilho para uma resposta inflamatória exarcebada do organismo.

“Ajustamos o nosso processo de identificação de substâncias a partir de algumas premissas: a substância precisava ser antiviral; precisava ser antiviral numa célula-alvo, como as células do trato respiratório; precisava funcionar como antiviral também em células do sistema imune, que o vírus consegue invadir e destruir, como os monócitos; e precisaria reduzir os níveis de marcadores inflamatórios associados com a infecção viral. Pegamos duas das principais citocinas pró-inflamatórias para usar como indicadores, o IL-6 e TNFα. Com isso, fizemos uma triagem já orientada a buscar substâncias que pudessem ser ao mesmo tempo antivirais e capazes de reduzir esse insulto inflamatório produzido pelo vírus”, explicou Moreno, detalhando como funciona esse mecanismo.

“O que quero dizer é que eu não estou buscando um antiviral sozinho. Como a dexametasona, como uma aspirina, esse produto não consegue reduzir qualquer tipo de inflamação, mas somente uma inflamação seletiva induzida pelo vírus. A gente entende também que isso pode ajudar essa substância a ter potencialmente uma janela terapêutica um pouquinho mais ampla, por conseguir talvez reduzir tanto a fase antiviral quanto a fase inflamatória associada ao vírus”, afirmou.

Para os pesquisadores, a Covid-19, assim como outras doenças de natureza viral, não será curada apenas com um medicamento. Será necessário administrar um coquetel de medicamentos com o objetivo de tratar os casos mais graves e aqueles considerados de maior risco, como em pacientes que possuem comorbidades.

Segundo a Fiocruz, o estudo identificou, também, as vantagens do MB-905 com relação a substâncias cujo benefício clínico foi demonstrado em ensaio clínicos independentes, como o remdesivir, que é injetável, enquanto que a cinetina será administrada de forma oral, através de comprimido, possibilitando, assim, que o paciente receba o medicamento o mais precocemente possível. Com relação ao molnupiravir, o MB-905 obteve melhores resultados em testes de segurança.

Em 1º de novembro de 2022 a Agência Nacional de Vilância Sanitária aprovou o uso do medicamento Rendesivir para tratamento da Covid-19 no Brasil. O medicamento é produzido pelo Laboratório Gilead e entregue em formato de pó para diluição e aplicação injetável. O medicamento é indicado para uso hospitalar, não sendo comercializado em farmácias.

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