[Foto: Ilustrativa / Richard Souza / GE]
A Marcha Mundial pelo Clima tomou as ruas de Belém neste sábado (15), reunindo, segundo os organizadores, cerca de 70 mil participantes em um percurso de aproximadamente 4,5 quilômetros, entre o Mercado de São Brás e a Aldeia Cabana. A manifestação, realizada sob temperatura de 35°C, integrou a agenda paralela da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) e evidenciou a diversidade cultural, social e política da região amazônica.
O ato reuniu representantes de povos tradicionais, organizações da sociedade civil, militantes de todos os continentes e moradores de diversas comunidades paraenses. Máscaras de Chico Mendes e do cacique Raoni, alegorias como a serpente boitatá e carros de som com discursos políticos e ritmos regionais marcaram a mobilização organizada pela Cúpula dos Povos e pela COP das Baixadas.
Durante a marcha, Darcy Frigo, do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) e integrante da comissão política da Cúpula dos Povos, afirmou: “Estamos aqui com todos os povos do mundo e movimentos sociais para um grito de alerta sobre as ameaças e os ataques aos territórios, e contra defensores e defensoras dos direitos humanos e do meio ambiente. Precisamos que órgãos oficiais e a ONU reconheçam que, para ter transição justa, é preciso proteger quem protege a floresta.”
Eduardo Giesen, coordenador na América Latina da Global Campaign to Demand Climate Justice, reforçou críticas às chamadas “falsas soluções” para o enfrentamento da emergência climática. “Queremos denunciar as falsas soluções para as mudanças climáticas, como fundos de financiamento para florestas. Pedimos para não explorarem petróleo na Amazônia e para não proliferar os combustíveis fósseis em todo o mundo”, declarou.
As ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) participaram da marcha e manifestaram apoio às reivindicações apresentadas. Do alto do carro principal, Marina destacou a participação popular na conferência realizada em território brasileiro. “A COP30 permite o encontro das periferias, das águas, das cidades, dos campos, das florestas. Em que pesem nossos desafios e contradições, temos que fazer um mapa do caminho para transição justa e encerrar a dependência dos combustíveis fósseis”, afirmou.
A manifestação contou também com forte presença de expressões culturais locais, como o Arraial do Pavulagem. O coordenador do grupo, Júnior Soares, ressaltou que condições ambientais e tradições amazônicas caminham juntas: “Estamos na marcha com uma representação dos nossos brincantes, nos somando a essa luta para pedir um olhar especial do mundo pela Amazônia e para os povos que vivem aqui.”
Marciele Albuquerque, indígena Munduruku e ativista, participou do ato reforçando a defesa da demarcação de terras tradicionais como parte essencial das políticas climáticas. “A marcha é central para as nossas demandas, porque tem povos, vozes e línguas do mundo inteiro. Nós estamos no centro de todas as discussões na COP30 aqui em Belém”, disse.
Um dos destaques visuais foi uma cobra de 30 metros exibindo a mensagem “Financiamento direto para quem cuida da floresta”. A obra foi produzida por 16 artistas de Santarém, durante 15 dias, em parceria entre o movimento Amazônia de Pé e a Aliança dos Povos pelo Clima, como parte da campanha “A gente cobra”, que reivindica repasses diretos às populações que vivem na floresta.
A Marcha Mundial pelo Clima encerrou o dia com manifestações em defesa de ações efetivas de combate à crise ambiental e da proteção dos povos que preservam a Amazônia, às vésperas de novas negociações na COP30.
Com informações da Agência Brasil.