
A Delegacia de Homicídio da Capital (DHC) irá investigar o ataque a tiros contra três homens em situação de rua, na madrugada desta sexta-feira (17). Os atiradores desceram de um carro e fizeram disparos contra os homens que estavam embaixo do viaduto do Irajá, na zona norte do Rio, onde moravam com outras pessoas na mesma condição de vulnerabilidade social.
Dois deles morreram no local e o terceiro foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde está internado em estado grave. Ele foi identificado como Jaílton Matias Anselmo, de 37 anos.
Notícias relacionadas:Número de lares com insegurança alimentar grave cai 19,9% no Brasil.Policiais militares do Batalhão de Irajá atenderam a ocorrência e isolaram o local para o trabalho da perícia.
Um dos mortos é Ethervaldo Bispo dos Santos, de 52 anos, natural de Salvador e que sofria de sequelas de um acidente vascular cerebral isquêmico. Ele morava embaixo do viaduto há mais de 10 anos e era conhecido no bairro de Irajá. Ele era percussionista e, devido a sequela da doença, participava dos ensaios do Movimento Afro Cultural Ilu Odara, um bloco afro inspirado nos ritmos de samba afro e reggae.
O outro morto ainda não foi identificado.
Movimento Afro Cultural Ilu Odara
O idealizador do movimento, Lucas Xarará, disse, pela rede social do bloco, ter sido surpreendido com o ataque.
“Hoje, nós do Movimento Afro Batikum, fomos surpreendidos pela notícia de mais um atentado à população em situação de rua, desta vez, aos moradores que sempre nos acolheram sob o metrô de Irajá”.
De acordo com Xarará, foi a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro que o informou sobre a morte de Ethervaldo, que era conhecido como Bahia. “Ele não possuía documentação e familiares no Rio. Em momentos de troca conosco, dizia que era natural de Salvador”.
“Fazemos aqui um apelo a todos amigos, apoiadores e autoridades, que nos ajudem a encontrar familiares ou pessoas que possam reconhecê-lo. Queremos garantir um sepultamento digno, preservar sua memória e prestar a ele o respeito que merece”, destacou.
“Que este gesto de acolhida e luta seja também uma forma de denunciar a violência e o abandono que recai sobre quem menos pode se defender. Se você tiver qualquer informação, por favor entre em contato com o Movimento Afro Batikum ou com os órgãos competentes”, concluiu o líder do bloco afro.
Defensoria Pública
A subcoordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Rio, Cristiane Xavier, esteve na Delegacia de Homicídios, no Hospital Getúlio Vargas e no Instituto Médico Legal para acompanhar o caso.
A defensoria vai enviar ofício às autoridades para garantir a preservação de imagens eventualmente captadas por câmeras próximas ao local do crime.
Já a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) repudiou o ataque a tiros.
“Temos acompanhado um avanço perigoso de práticas justiceiras e higienistas no Rio. A ausência de políticas públicas sérias, o aumento no número de pessoas em situação de rua e de abrigos insuficientes jamais pode justificar que alguém saia atirando contra essas pessoas”, disse a deputada Dani Monteiro, presidente da comissão.
*Colaborou Vladimir Platonow, da TV Brasil
Feed Últimas Douglas Corrêa* – Repórter da Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil ou Agência Câmara de Notícias ou Agência Senado ou ONU News