Treinamento de RCP | Foto: Tahir Xəlfə / Pexels
[Foto: Tahir Xəlfə / Pexels]
As novas recomendações da American Heart Association (AHA) para emergências cardíacas, publicadas em 2025, introduzem a Prática Deliberada de Ciclo Rápido (PDCR) como parte das metodologias recomendadas para o treinamento em reanimação. A inclusão desse método reflete o avanço das abordagens de ensino voltadas à melhoria do desempenho em situações críticas, tanto no Suporte Básico de Vida (SBV) quanto no Suporte Avançado de Vida (SAV).
As diretrizes da AHA são amplamente reconhecidas em todo o mundo como referência para a padronização de procedimentos de atendimento em emergências cardíacas. Elas são atualizadas periodicamente com base em pesquisas científicas, revisões de evidências e experiências clínicas acumuladas em diversos países, orientando profissionais de saúde e instrutores de cursos de ressuscitação sobre as melhores práticas.
Entre as inovações de 2025, destaca-se a PDCR, uma metodologia de ensino que combina simulação realística e feedback imediato, aprimorando o aprendizado prático durante os treinamentos.

O que é a Prática Deliberada de Ciclo Rápido (PDCR)
A Prática Deliberada de Ciclo Rápido é um método de ensino baseado em simulação com pausas programadas, durante as quais o instrutor interrompe o cenário para oferecer feedback e correções imediatas aos participantes.
Diferentemente do modelo tradicional — em que o debriefing ocorre apenas após o término da simulação — a PDCR integra o debriefing dentro do próprio cenário, criando ciclos curtos e repetitivos de prática e correção. O processo se repete diversas vezes até que os alunos alcancem a maestria da habilidade.
Durante uma sessão de PDCR, o instrutor pode interromper o exercício em momentos estratégicos para discutir decisões, ajustar técnicas ou corrigir procedimentos. Após o breve feedback, a simulação é reiniciada exatamente do ponto em que parou, permitindo aos participantes corrigir erros em tempo real e reforçar o aprendizado.
Aplicação no Treinamento em Emergências Cardíacas
A AHA reconhece a PDCR como uma estratégia eficaz especialmente em treinamentos de reanimação cardiopulmonar (RCP) e demais situações de suporte à vida, tanto básico quanto avançado. O método pode ser aplicado em uma única sessão de aprendizagem e adaptado para diferentes níveis de complexidade.
Nos cursos de SBV, a técnica ajuda a reforçar habilidades críticas, como a sequência de compressões torácicas, ventilação e uso do desfibrilador externo automático (DEA). Já nos treinamentos de SAV, a PDCR auxilia no aprimoramento de tomadas de decisão, comunicação em equipe e execução de protocolos em ambiente hospitalar.
Por proporcionar repetição controlada e feedback imediato, o método favorece o aprendizado ativo e a fixação de condutas corretas, permitindo que os profissionais desenvolvam respostas mais precisas e seguras em situações reais de emergência.

Lacunas e Desafios
Apesar de seu potencial, a AHA reconhece que ainda existem lacunas de conhecimento sobre a aplicação da PDCR. A maior parte dos estudos disponíveis foi conduzida com alunos em formação (trainees), o que deixa dúvidas sobre a eficácia do método entre socorristas leigos e profissionais experientes.
Além disso, não há dados suficientes sobre o impacto de longo prazo do treinamento com PDCR, nem sobre o custo e a infraestrutura necessários para sua implementação em larga escala. A associação destaca a necessidade de novas pesquisas para avaliar os efeitos do método sobre os desfechos clínicos e a sobrevivência de pacientes após emergências cardíacas.
Importância das Diretrizes de 2025
As recomendações da American Heart Association 2025 reafirmam o compromisso da instituição em aprimorar continuamente o ensino e a prática da ressuscitação. As atualizações refletem a evolução constante das evidências científicas e a busca por métodos mais eficazes de capacitação profissional.
Essas diretrizes servem como referência global, sendo adotadas e adaptadas por serviços de emergência, instituições de ensino e centros de treinamento em diversos países, incluindo o Brasil. O objetivo é garantir que os profissionais de saúde estejam sempre preparados para agir de forma rápida, coordenada e eficiente diante de uma parada cardiorrespiratória.
Com a introdução da Prática Deliberada de Ciclo Rápido, a AHA reforça a importância da aprendizagem baseada em desempenho, na qual a repetição intencional e o feedback contínuo são ferramentas essenciais para formar equipes mais competentes e salvar mais vidas.