Chico Buarque recebe o Prêmio Camões
[Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado]
Na última semana, ocorreu a cerimônia de entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque, em que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou a importância da obra do artista para contar com poesia as relações entre Brasil e Portugal e usar a língua portuguesa como instrumento de disseminação da cultura e das lutas do Brasil.
Em seu discurso, Lula afirmou que Chico transformou em patrimônio literário comum os amores de nossos povos, as alegrias de nossos carnavais, as belezas de nossos fados e sambas, as lutas obstinadas de nossas cidadãs e cidadãos pela conquista da liberdade e da democracia. Ao lado do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, e do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, além de outras autoridades e do homenageado, Lula se disse feliz em corrigir um dos absurdos cometidos contra a cultura brasileira, que foi o fato de Chico Buarque ter sido contemplado com o prêmio há quatro anos, mas não o ter recebido por descaso da gestão anterior com a cultura e os artistas nacionais.
Chico Buarque, emocionado, afirmou que receber o prêmio era um desagravo a tantos autores e artistas brasileiros humilhados e ofendidos nos últimos anos de estupidez e obscurantismo, e que valia a pena esperar quatro anos para receber o diploma referente ao Camões, no dia em que Portugal celebra o fim da ditadura. Ele ainda ressaltou a persistência da ameaça fascista no Brasil, mas afirmou que a celebração do prêmio reconforta a lembrança da derrota do governo funesto.
“Aquele governo foi derrotado nas urnas, mas nem por isso podemos nos distrair, pois a ameaça fascista persiste no Brasil como um pouco por toda parte. Hoje, porém, nessa tarde de celebração reconforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões, deixando o seu espaço em branco para assinatura do nosso presidente Lula”
Chico Buarque
Marcelo Rebelo de Souza, presidente de Portugal, também fez um discurso em que se referiu ao artista como parte integrante do patrimônio comum dos países de língua portuguesa, e disse que a escolha de premiar Chico não precisaria ser fundamentada por nenhuma decisão, já que ela se impõe pelas evidências, acima de tudo poéticas, da obra do artista. A premiação foi considerada uma resposta do talento contra a censura, do engenho contra a força bruta.