
[Foto: Ilustrativa / Pedro França / Agência Senado]
A Polícia Federal (PF) concluiu que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), integrou uma organização voltada à realização de espionagem clandestina por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A constatação está presente no relatório final das investigações da chamada “Abin Paralela”, divulgado nesta quarta-feira (18/06), após retirada de sigilo autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
O documento aponta que o núcleo político, formado por Carlos, utilizou a estrutura da Abin para monitorar ilegalmente opositores e disseminar desinformação. Segundo a PF, as evidências reunidas ao longo da apuração comprovaram a existência de um esquema estruturado para vigiar adversários políticos e promover campanhas de desinformação contra aqueles que contrariassem os interesses do grupo.
“Este núcleo foi o responsável por definir as diretrizes estratégicas da ORCRIM, determinar os alvos das ações clandestinas (opositores, instituições, sistema eleitoral) e se beneficiar politicamente das operações. Era o centro decisório e o principal destinatário das “vantagens” ilícitas (manutenção no poder, ataque a adversários)”, concluiu a PF.
O relatório final marca a conclusão da investigação da “Abin Paralela”, que apurou o uso indevido de ferramentas da inteligência estatal para fins políticos durante o governo anterior.
Logo após a entrega do relatório da PF ao STF, o vereador Carlso Bolsonaro se manifestou em suas redes sociais. Em texto, o filho do ex-presidente escreveu: “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”
Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência! https://t.co/Fdm4eIcOkW
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) June 17, 2025
Outros indiciados
De acordo com o relatório final, o núcleo da estrutura política, responsável por determinar alvos e se beneficiar diretamente das ações de inteligência ilegal, era liderado por Carlos Nantes Bolsonaro, vereador e filho do ex-presidente.
A investigação também identificou dois níveis operacionais dentro da estrutura paralela. O primeiro, de comando e alta gestão, era composto por Alexandre Ramagem Rodrigues — então diretor-geral da Abin —, Paulo Maurício Fortunato Pinto, Frank Márcio de Oliveira e Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho.
No segundo nível, de assessoria à alta gestão e execução das ações clandestinas, a PF apontou os seguintes nomes: Felipe Arlotta Freitas, Henrique César Prado Zordan, Alexandre Ramalho Dias Ferreira, Luiz Felipe Barros Felix, Marcelo Araújo Bormevet, Carlos Magno de Deus Rodrigues e Giancarlo Gomes Rodrigues.
O relatório também descreve o núcleo de gestão do Departamento de Operações de Inteligência (Doint), integrado por Paulo Magno de Melo Rodrigues Alves, Marcelo Furtado Martins de Paula e Luiz Gustavo da Silva Mota.
Além desses, a PF listou condutas individualizadas com imputações específicas a outros investigados: Eriton Lincoln Torres Pompeu, Alexandre de Oliveira Pasiani, José Matheus Salles Barros, Mateus de Carvalho Sposito, Alan Oleskovicz, Ricardo Wright Minussi, Rodrigo Augusto de Carvalho Costa, Lucio de Andrade Vaz Parente, Alexandre do Nascimento Cantalice, Victor Felismino Carneiro, Bruno de Aguiar Faria, Alessandro Moretti, Luiz Carlos Nobrega Nelson e José Fernando Moraes Chuy.
Jair Bolsonaro, embora mencionado como integrante do núcleo político, não foi formalmente indiciado neste inquérito, pois já responde às acusações relacionadas ao uso da Abin em outra ação penal em tramitação no STF.
*Com informações de PF