
Foto: Richard Souza / AN
[Foto: Richard Souza / AN]
O governador Cláudio Castro (PL/RJ) determinou o retorno do deputado estadual Rafael Picciani (MDB-RJ) ao mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). A decisão ocorre após a prisão do deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, em ação conjunta da Polícia Federal, Polícia Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizada nesta quarta-feira (03/09).
“O retorno de Rafael já estava previsto, mas, diante da operação realizada hoje, decidimos antecipar. O trabalho integrado deixa um recado muito claro: a lei vale para todos”, disse Castro.
TH Joias foi detido em casa, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, zona oeste da capital, sob suspeita de intermediar a compra e venda de armas para o Comando Vermelho, principal facção criminosa do estado. Além dele, também foram presos Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão; Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, assessor do parlamentar; o ex-secretário Alessandro Pitombeira Carracena; o delegado da Polícia Federal Gustavo Stteel; três policiais militares e outras oito pessoas.
De acordo com o procurador-geral de Justiça do Rio, Antonio José Campos Moreira, quatro investigados, incluindo o deputado, foram denunciados por associação a organização criminosa e comércio ilegal de armas de uso restrito. O MPRJ também instaurou investigação sobre um possível vazamento da operação, após identificar indícios de destruição de provas e tentativa de fuga na véspera da ação.
“São necessárias ações de prevenção para evitar que pessoas envolvidas com atividades criminosas obtenham o registro de candidatura. Deve haver uma investigação prévia mais efetiva. Estamos atuando para que haja limpeza dos órgãos públicos quando identificada a presença de pessoas ligadas ao crime”, disse Antonio José Moreira.
As apurações apontam ainda suspeita de lavagem de dinheiro, com utilização de uma franquia de loja de produtos de um clube do Rio, localizada no Mato Grosso do Sul, para ocultação de capitais. O faturamento seria incompatível com os serviços prestados. Há também indícios de corrupção, envolvendo suposta oferta de propina a policiais por intermédio de um advogado.
Segundo a denúncia, o grupo atuava nos Complexos da Maré e do Alemão e em Parada de Lucas, negociando drogas, armas e equipamentos antidrones para dificultar operações policiais. O Ministério Público afirma que o parlamentar utilizava o mandato para beneficiar a facção, inclusive com a nomeação de comparsas na Alerj.