Laboratório realizando exame | Imagem: Ilustrativa / Google Gemini
[Imagem: Ilustrativa / Google Gemini]
O Instituto Butantan firmou uma parceria com a empresa norte-americana Mabloc para o desenvolvimento e a fabricação do MBL-YFV-01, uma terapia com anticorpos monoclonais destinada ao tratamento da infecção pelo vírus da febre amarela. O medicamento será voltado a pessoas que vivem em áreas endêmicas, não foram vacinadas e acabaram infectadas.
O acordo é firmado em um momento de aumento de casos de febre amarela no Brasil, com registros recentes em São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Embora a vacina esteja disponível, a baixa cobertura vacinal mantém milhões de pessoas em situação de risco, segundo o Butantan.
“Enquanto o mercado tradicional se concentra em terapias de alto retorno financeiro, o Butantan direciona seus esforços para onde a necessidade é maior — desenvolver anticorpos monoclonais, medicamentos altamente eficazes, mas de custo elevado, reafirmando nosso compromisso de transformar pesquisa em impacto social e colocar a saúde pública acima de qualquer interesse econômico”, disse o diretor de Inovação e Licenciamento de Tecnologia do Instituto Butantan, Cristiano Gonçalves.
A Mabloc utiliza a plataforma BRAID™, baseada em inteligência artificial, para identificar e otimizar anticorpos monoclonais. Em estudo publicado em 2023, uma dose única de 50 mg/kg do MBL-YFV-01 controlou totalmente a viremia em modelos animais. A parceria prevê que o Butantan tenha licença exclusiva para desenvolver e comercializar o tratamento em países de baixa e média renda.
“Com a comprovada capacidade do Butantan de fabricação de produtos biológicos e de ensaios clínicos, esta parceria nos permite responder rapidamente a surtos reais e levar uma terapia extremamente necessária às mãos de médicos e pacientes. Este será o primeiro medicamento específico para o tratamento da febre amarela”, afirmou o diretor de Desenvolvimento de Produtos da Mabloc, Michael Ricciardi.
O instituto destaca que o produto poderá atuar diretamente na fase aguda da doença. Dados citados pelo Butantan apontam que pacientes com alta carga viral apresentam maior risco de mortalidade. O novo anticorpo reduz a carga viral, o que pode contribuir para diminuir mortes em casos graves.
O acordo também reforça os investimentos do Butantan em pesquisa e desenvolvimento de anticorpos monoclonais. O instituto já possui laboratório e fábrica dedicados a essa classe de medicamentos.
A febre amarela segue como doença endêmica em diversos países das Américas e da África. A OPAS registrou 235 casos e 96 mortes nas Américas até maio de 2025, sendo 111 casos e 44 mortes no Brasil. A vacinação segue como principal forma de prevenção e é oferecida pelo Sistema Único de Saúde.
*Com informações de Instituto Butantan