
[Foto: Ilustrativa / LensGo]
Sete em cada dez estudantes brasileiros do Ensino Médio que utilizam a Internet já recorrem a ferramentas de inteligência artificial generativa (como ChatGPT, Copilot e Gemini) para realizar pesquisas escolares. Apenas 32% afirmam ter recebido orientação na escola sobre como usar essas tecnologias. Os dados são da 15ª edição da TIC Educação, pesquisa do Cetic.br, do NIC.br, lançada nesta terça-feira (16/09) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
O uso da IA também foi identificado entre estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental (39%) e dos anos iniciais (15%). Considerando todos os alunos usuários de Internet desses segmentos, a proporção chega a 37%. Desses, apenas 19% receberam algum tipo de instrução de professores sobre como utilizar a tecnologia de forma apropriada em atividades de aprendizagem.
Plataformas de vídeo ganham força nas pesquisas escolares
A pesquisa também aponta mudanças no comportamento de busca de informações. Embora 74% dos estudantes ainda utilizem sites de busca tradicionais, 72% disseram recorrer a canais e aplicativos de vídeo para encontrar conteúdos para trabalhos escolares. Entre as atividades mais frequentes realizadas online estão: esclarecer dúvidas sobre matérias (86%), pesquisar para trabalhos escolares (84%) e praticar conteúdos de interesse (78%).
Formação docente e desafios pedagógicos
A TIC Educação 2024 revela que 54% dos professores participaram, nos 12 meses anteriores à pesquisa, de atividades de capacitação voltadas ao uso de tecnologias digitais em processos de ensino e aprendizagem. Na rede municipal, porém, esse índice caiu de 62% em 2021 para 43% em 2024.
Dos docentes que participaram de formações, 82% fizeram cursos sobre plataformas e aplicativos para criação de materiais didáticos, e 79% buscaram informações sobre como adaptar atividades aos diferentes ritmos de aprendizagem. Apenas 59% citaram participação em capacitações específicas sobre o uso de IA em atividades educacionais.
Segundo os coordenadores pedagógicos, 89% das escolas promovem atividades relacionadas à educação digital e midiática, abordando temas como cyberbullying, privacidade e uso de algoritmos. No entanto, 30% afirmam que essas discussões acontecem apenas quando há necessidade ou dúvidas dos alunos, e em 49% das instituições ocorrem uma ou duas vezes ao ano.
Conectividade e acesso digital
A pesquisa mostra que 96% das escolas brasileiras têm acesso à Internet, percentual que cresceu nas redes municipais (de 71% para 94% entre 2020 e 2024) e nas áreas rurais (de 52% para 89%). Apesar do avanço, apenas 51% das escolas municipais possuem computadores para atividades educacionais e 47% têm dispositivos conectados disponíveis para os alunos.
O levantamento foi realizado entre agosto de 2024 e março de 2025 em 1.023 escolas públicas e privadas, abrangendo áreas urbanas e rurais em todo o país. Ao todo, foram feitas 10.756 entrevistas com gestores, coordenadores, professores e alunos.
“A edição 2024 da pesquisa reflete o período de transição e de adaptação das instituições à nova realidade de integração de tecnologias digitais às práticas educacionais, iniciada antes da Lei nº 15.100, que introduz novas regras para o uso de telefones celulares pelos alunos nas escolas. Os dados da pesquisa corroboram a centralidade das escolas no debate em curso na sociedade sobre os impactos do uso de telas e dispositivos digitais na preservação dos direitos e no desenvolvimento cognitivo e psicossocial de crianças e adolescentes”, disse a coordenadora da pesquisa TIC Educação, Daniela Costa.