
[Foto: Ilustrativa]
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A Polícia Federal (PF), em uma ação conjunta com o Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ), lançou na manhã desta quarta-feira, 3 de setembro, a Operação Zargun. O objetivo é desarticular uma organização criminosa ligada à cúpula de uma das maiores facções do país. 14 pessoas foram detidas.
A operação visa combater crimes como tráfico internacional de armas e drogas, corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro.
Durante a ação, a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Rio de Janeiro (FICCO/RJ) cumpre 18 mandados de prisão preventiva e 22 mandados de busca e apreensão. Além disso, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região determinou o sequestro de R$ 40 milhões em bens e valores dos investigados.
As investigações revelaram um esquema de corrupção que envolvia a liderança da facção no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos. A lista de envolvidos inclui um delegado da PF, policiais militares, um ex-secretário municipal e estadual, e um deputado estadual empossado em 2024.
Segundo a investigação, a organização criminosa se infiltrava na administração pública para obter impunidade e acesso a informações sigilosas. O grupo também era responsável por importar armas do Paraguai e equipamentos antidrone da China, revendendo-os até mesmo para facções rivais. Como parte da operação, a Justiça determinou o afastamento de agentes públicos, a suspensão de atividades de empresas usadas para lavagem de dinheiro e a transferência de lideranças da facção para presídios federais de segurança máxima.
A Operação Zargun faz parte da Operação Redentor 2, que implementa as diretrizes do STF na ADPF 635 para reforçar o combate à criminalidade violenta no estado do Rio de Janeiro. Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tráfico internacional de armas e drogas, corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro.
Deputado estadual Tiego Raimundo
O deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva (MDB-RJ), conhecido como TH Joias, foi preso durante a operação. O parlamentar é suspeito de intermediar a compra e venda de armas para o Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas do país.
De acordo com as investigações, TH Joias tem ligação direta com líderes do Comando Vermelho em comunidades como Complexo do Alemão, da Maré e Parada de Lucas. Ele é acusado de negociar a compra e venda de armamentos, como fuzis, drogas e equipamentos antidrones, para dificultar a ação policial nos territórios da facção.
Detalhes da investigação do MPRJ
O MPRJ detalhou o papel de cinco dos investigados na operação:
- TH Joias: Além de negociar armas e drogas, o deputado utilizava o mandato para beneficiar o grupo criminoso, incluindo a nomeação de “comparsas para cargos na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)”.
- Traficante: Apontado como líder da facção, era responsável pelo controle financeiro e pela autorização de pagamentos, incluindo a compra de equipamentos antidrones.
- Tesoureiro do tráfico: Tinha a função de guardar grandes quantias de dinheiro, armazenar drogas e intermediar negociações de armas e munições.
- Assessor parlamentar: Indicado pelo deputado para um cargo na Alerj, ele atuava como fornecedor de equipamentos antidrones, sendo responsável por testá-los e ensinar a operação aos integrantes da facção.
- Mulher do tesoureiro: Nomeada para um cargo comissionado na Alerj, a mulher tinha a função de ser a ligação entre o grupo criminoso e o poder Legislativo.
O Tribunal Regional Federal da 2ª Região determinou o sequestro de bens e valores dos investigados, totalizando R$ 40 milhões, além do afastamento de agentes públicos, suspensão de empresas usadas para lavagem de dinheiro e transferência de líderes da facção para presídios federais.