
[Foto: Ilustrativa / LensGO]
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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou, nesta terça-feira (26/08), a detecção dos primeiros casos humanos de encefalite equina venezuelana (VEEV) em Tabatinga, no Amazonas, região de tríplice fronteira com Colômbia e Peru. Três pessoas, sendo dois homens e uma mulher que foram diagnosticadas em 2025 na região do Alto Solimões, segundo estudo conduzido pelo projeto FrontFever, voltado à vigilância de doenças febris agudas em áreas amazônicas de fronteira.
O material genético do vírus foi identificado por PCR em tempo real, tecnologia desenvolvida pela Fiocruz, e posteriormente confirmado por sequenciamento genético. O virologista Felipe Gomes Naveca, do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), destacou que a pesquisa indica o VEEV como “uma causa sub diagnosticada de doença febril aguda na Amazônia brasileira”.
Casos Confirmados de Encefalite Equina Venezuelana – Tabatinga (AM)
- Caso 1: Homem, 58 anos, agricultor. Sintomas: febre, calafrios, fadiga, cefaleia, mialgia, artralgia, dor retro orbital, dispneia, tontura e dor abdominal. Evolução: cura sem sequelas, sem casos secundários.
- Caso 2: Mulher, 51 anos, do lar. Sintomas: febre, calafrios, fadiga, cefaleia, mialgia, artralgia, dispneia e tontura. Evolução: cura sem sequelas, sem casos secundários.
- Caso 3: Homem, 39 anos, profissional de saúde. Sintomas: febre, cefaleia, mialgia, artralgia, tosse, dispneia e tontura. Evolução: cura sem sequelas, sem casos secundários.
Fonte: Fiocruz
Segundo a Fiocruz, a detecção dos casos foi comunicada às autoridades de saúde em 31 de julho e gerou alerta de risco em Tabatinga. A pesquisa, publicada como pré-print em 21 de agosto de 2025, recebeu financiamento da Fapeam, do CNPq e dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT-VER).
O diagnóstico foi possível graças ao FrontFever, que realiza vigilância epidemiológica em regiões de fronteira, coletando e analisando amostras de pacientes com síndrome febril aguda inespecífica. O estudo contou com a participação de instituições parceiras, incluindo a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, o Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz, o Instituto Oswaldo Cruz, a Fiocruz Rondônia e o Laboratório Central do Amazonas (Lacen-AM).
Segundo Naveca, a detecção reforça a importância da vigilância genômica para o enfrentamento de vírus emergentes, reemergentes ou negligenciados, especialmente na Amazônia. A iniciativa integra a Rede Genômica Fiocruz, que já atua no monitoramento de vírus como dengue, zika, chikungunya, oropouche e mayaro, além do Sars-CoV-2, contribuindo para diagnósticos mais precisos e desenvolvimento de vacinas.
“A Rede foi criada inicialmente com o objetivo de liderar um esforço nacional de pesquisa buscando decodificar o genoma do Sars-CoV-2, causador da Covid-19, e acompanhar suas linhagens e mutações genéticas, ampliando agora sua atuação para outros vírus, como o da dengue, zika, chikungunya, oropouche, mayaro, entre outros”, disse o virologista.
Sinais e sintomas da Encefalite Equina Venezuelana
De acordo com a Fiocruz, a Encefalite Equina Venezuelana (EEV) em humanos geralmente se manifesta como uma síndrome febril aguda de início súbito. Os sintomas mais comuns incluem febre, cefaleia intensa, dores musculares (mialgia), dores nas articulações (artralgia), fadiga, calafrios e tontura. Em alguns casos, os pacientes podem apresentar dor retro orbital, tosse seca e dificuldade para respirar (dispneia).
Embora a maioria dos casos seja considerada leve ou moderada, formas graves da doença podem evoluir para comprometimento neurológico, incluindo encefalite. Nestes casos, os sintomas podem se agravar, manifestando-se como confusão mental, letargia, convulsões e até coma, exigindo atenção médica imediata.
A EEV pode ser confundida com outras arboviroses, como dengue e chikungunya, especialmente na ausência de confirmação laboratorial específica, o que reforça a importância da vigilância epidemiológica e do diagnóstico precoce para o manejo adequado da doença.
*Com informações de Fiocruz