
Foto: Imagem Ilustrativa / Google Gemini
Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que jovens entre 15 e 29 anos apresentam taxas de mortalidade por violências e acidentes significativamente mais altas do que a população em geral, em todas as unidades da Federação. O levantamento mostra que a faixa etária é um fator de risco mais determinante do que a localização geográfica, tanto em áreas metropolitanas quanto em cidades do interior.
De acordo com o 1º Informe epidemiológico sobre a situação de saúde da juventude brasileira: violências e acidentes, elaborado pela Agenda Jovem Fiocruz (AJF) e pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), 65% dos óbitos registrados entre 2022 e 2023 tiveram causas externas, como violências e acidentes. Foram 84.034 mortes entre os 128.826 óbitos contabilizados nesse período.
Os dados mostram que a taxa de mortalidade juvenil por essas causas foi de 185,5 mortes a cada 100 mil habitantes, maior que a da população geral, que ficou em 149,7. Entre jovens de 20 a 24 anos, a taxa chegou a 218,2. Para efeito de comparação, causas externas representam apenas 10% das mortes totais da população brasileira. Ainda segundo os números, mais de um terço das notificações de violência no SUS vitimaram jovens (36%).
Formas de violência e principais causas
A pesquisa aponta que a agressão física é a violência mais recorrente contra jovens (47%), seguida da violência psicológica ou moral (15,6%) e da violência sexual (7,2%). Entre os mais novos, predominam os casos de violência física; já entre os mais velhos, há maior incidência de violência psicológica.
As principais causas de morte violenta identificadas foram agressões com armas de fogo e acidentes de transporte, em especial envolvendo motocicletas. Os homens são a maioria das vítimas em acidentes de trânsito, representando 84% dos casos. A motocicleta esteve presente em 53% dessas ocorrências.
Para o coordenador da AJF, André Sobrinho “é fundamental identificar, portanto, as necessidades em saúde mirando as distintas subfaixas de idade”.
Outro dado relevante é que a intervenção legal, ou seja, mortes resultantes de ações policiais, representou 3% dos óbitos por causas externas entre jovens, proporção três vezes maior que a observada na população total (1%).
Diferenças regionais
O estudo mostra que os estados do Norte e do Nordeste concentram os maiores riscos de morte por violências e acidentes na juventude, com destaque para o Amapá, onde a faixa etária de 20 a 24 anos registrou 447 óbitos por 100 mil habitantes, e para a Bahia, com 403.
Já as unidades da Federação com as maiores taxas de violência por 100 mil habitantes entre jovens foram o Distrito Federal (696,1), Espírito Santo (637,8), Mato Grosso do Sul (629,5) e Roraima (623,5). Para comparação, a taxa da população brasileira como um todo foi de 250,6.
*Com informações de Fiocruz