
[Foto: Divulgação / Balai Taman Nasional Gunung Rinjani]
O governador da província de West Nusa Tenggara, Lalu M. Iqbal, se manifestou publicamente sobre a morte da brasileira Juliana Marins no Monte Rinjani, na Indonésia. Em vídeo divulgado no sábado (28/06), ele reconheceu a falta de estrutura nas operações de salvamento e anunciou que os procedimentos de resgate na região serão reavaliados.
Juliana morreu durante uma trilha no vulcão Rinjani, que fica na província governada por Iqbal. Foi a primeira vez que uma autoridade política local comentou o caso desde a confirmação da morte da turista brasileira.
Na mensagem, intitulada “Carta aberta aos nossos irmãos e irmãs no Brasil”, o governador lamentou a tragédia e se solidarizou com os familiares. “Em meu nome e em nome do povo de West Nusa Tenggara, expresso nossas mais profundas condolências e sinceros sentimentos à sua família durante este momento de dor inimaginável”, afirmou.
Iqbal informou que os esforços da equipe de resgate foram prejudicados por fatores climáticos, como neblina espessa e chuvas persistentes, e apontou limitações técnicas enfrentadas durante a operação. “Peço que entendam que compartilho isso não como desculpa, mas como um reconhecimento transparente das nossas limitações atuais”, declarou.
O governador explicou que o terreno arenoso do local do acidente impediu a atuação segura dos helicópteros mobilizados. “A entrada de areia nos motores tornava as operações de resgate aéreo insegurasou.
Ele também apontou a necessidade de melhorias na infraestrutura da trilha do Rinjani, que, segundo ele, “deixou de ser apenas um destino de trilha para se tornar uma atração turística internacional”. Com isso, afirmou que irá promover mudanças. “Estou totalmente comprometido, como governador, a iniciar uma revisão abrangente com todos os envolvidos na região do Rinjani.”
Lalu M. Iqbal finalizou a declaração prometendo ações concretas para aprimorar a segurança de visitantes e a resposta a emergências. Ele afirmou que pretende buscar parcerias com especialistas internacionais em operações de resgate em áreas montanhosas.
Carta Aberta do Governador da Indonésia
Tradução do pronunciamento original de Lalu M. Iqbal, governador de West Nusa Tenggara
Tradução para o português
Sou Lalu M. Iqbal, governador de West Nusa Tenggara, lar do Monte Rinjani e local onde, tragicamente, perdemos nossa irmã, Juliana Marins. Em meu nome e em nome do povo de West Nusa Tenggara, expresso nossas mais profundas condolências e sinceros sentimentos à sua família durante este momento de dor inimaginável. Que vocês tenham força e bem-estar contínuo. Estamos profundamente abalados por essa tragédia, especialmente por ter ocorrido aqui, em nossa terra natal. Quero assegurar que, desde o primeiro momento em que fomos informados do acidente, nossa equipe de resgate agiu com urgência e dedicação. Eles colocaram a própria segurança em risco para cumprir sua missão. Muitos eram voluntários, movidos apenas pela compaixão e pela humanidade. Em nossa cultura, quem entra em nossa terra é considerado família. No entanto, apesar dos esforços extraordinários das equipes, as operações foram seriamente desafiadas pelas forças da natureza. Neblina espessa e chuvas persistentes dificultaram os trabalhos desde o primeiro dia, tornando até mesmo os drones térmicos incapazes de localizar coordenadas precisas. Além disso, o terreno arenoso próximo ao local criou riscos extremos para os dois helicópteros mobilizados, pois a entrada de areia nos motores tornava as operações aéreas inseguras. Peço que compreendam que compartilho isso não como desculpa, mas como um reconhecimento transparente das nossas limitações atuais. Reconhecemos que o número de profissionais certificados em resgate vertical ainda é insuficiente e que nossas equipes carecem de equipamentos avançados para esse tipo de missão. Também entendemos que a infraestrutura de segurança ao longo das trilhas do Rinjani precisa ser aprimorada, já que essa montanha deixou de ser apenas um destino de trilha e passou a ser uma atração turística internacional. Com essa consciência, estou totalmente comprometido, como governador, a iniciar uma revisão abrangente com todos os envolvidos na região do Rinjani. Asseguro que tomaremos medidas concretas para aprimorar nossa preparação para futuras emergências ou desastres, incluindo parcerias com especialistas globais em resgate vertical e montanhismo. Mais uma vez, expresso nosso mais profundo pesar e solidariedade à família enlutada e ao povo do Brasil. A sua perda é verdadeiramente a nossa perda. Esperamos poder recebê-los novamente em nossa ilha em tempos melhores. Descanse em paz, Juliana Marins
Juliana Marins
A brasileira caiu caiu durante uma trilha no vulcão, na manhã de sábado (21/06), e deslizou por centenas de metros até uma área de difícil acesso. As buscas e mobilizações duraram quatro dias e enfrentaram dificuldades causadas por más condições climáticas, neblina densa, terreno íngreme e limitações logísticas.
Na terça-feira (24), por volta das 18h (horário local), um dos resgatistas conseguiu chegar até a brasileira, mas ela já estava sem vida. Devido à complexidade do terreno, a equipe precisou montar um acampamento no local. O içamento do corpo foi concluído nesta quarta-feira por volta das 14h45 (horário local), e o deslocamento da maca com o corpo até a entrada do parque teve início às 15h, com previsão de duração de cerca de oito horas.
A morte da jovem foi confirmada por familiares ainda na manhã de terça-feira, por meio de uma publicação nas redes sociais. A notícia causou forte comoção e revolta entre internautas, que questionaram a demora no resgate e a condução da operação pelas autoridades locais. Críticas foram direcionadas à logística empregada, à transparência das informações e à qualidade dos equipamentos utilizados. A irmã de Juliana, Mariana Marins, também questionou a estrutura disponível, classificando os materiais como inadequados.
Após o incidente, o Parque Nacional Gunung Rinjani anunciou o fechamento temporário da trilha para o Puncak Rinjani, local do acidente, como forma de garantir a segurança e facilitar a evacuação da vítima. A decisão foi tomada quatro dias após o ocorrido.
Juliana Marins era formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e atuava como dançarina de pole dance. Ela compartilhava registros de sua viagem pelas redes sociais e havia passado por outros países da Ásia, como Vietnã, Filipinas e Tailândia.
O caso segue gerando grande repercussão nas redes sociais. Familiares afirmaram que vão buscar justiça e apontaram que Juliana “sofreu uma grande negligência por parte da equipe de resgate”, destacando que, se o atendimento tivesse sido feito dentro do prazo estimado de sete horas, ela poderia ter sobrevivido.
Traslado
O prefeito Rodrigo Neves (PDT/RJ) afirmou, pelas redes sociais, que a gestão municipal arcaria com todos os custos da logística de repatriação e se colocou à disposição da família para oferecer apoio neste momento de luto. A decisão foi comunicada na noite de quarta-feira (25).
O ex-jogador de futebol Alexandre Pato também se prontificou a arcar com os custos do translado internacional. A oferta foi feita publicamente, como forma de apoio à mobilização que ganhou repercussão nacional.
Por meio de redes sociais, neste sábado (28/06), a irmã da jovem, confirmou que o traslado do corpo de Juliana será realizado pela Prefeitura de Niterói: “E quem vai pagar o translado da Juliana é a prefeitura de Niterói”, publicou Mariana Marins.
Na noite deste domingo (29), a família de Juliana Marins usou as redes sociais para relatar dificuldades no processo de repatriação do corpo da brasileira. Segundo os relatos, a companhia aérea Emirates, em Bali, teria recusado o transporte, mesmo após o voo já estar confirmado.
“Já estava tudo certo com o voo, já estava confirmado, mas a Emirates em Bali não quer trazer minha irmã pra casa. Do nada o bagageiro do voo ficou ‘lotado’”, publicou Mariana Marins, irmã da jovem.
Diante da situação, os Mariana pediu respeito e sensibilidade no tratamento do caso. “Pedimos que o descaso com Juliana acabe!”, afirmou.
A Emirates ainda não se manifestou.