
[Foto: Richard Souza / GE]
Ruas do Centro de Araruama foram mais uma vez transformadas em uma galeria de arte a céu aberto para a celebração de Corpus Christi, que em 2025 ocorre na quinta-feira, 19 de junho. A tradicional confecção dos tapetes de sal, um ritual que une fé, dedicação e criatividade, começou na véspera, quarta-feira (18), e mobilizou moradores de todas as idades durante a madrugada e a manhã de hoje.
O processo, que se repete ano após ano, começa com sacos de sal alinhados em espaços demarcados. Aos poucos, artistas amadores anônimos, de crianças a idosos, se ajoelham sobre o asfalto para transformar o sal tingido em expressões de fé. Com o auxílio de pás, rodos e vassouras, o cenário vai ganhando forma, com desenhos que misturam sal grosso e fino, criam sombreados e até relevos que parecem saltar do chão.
As escolas municipais desempenham um papel fundamental na tradição, trazendo temas que unem fé, educação e consciência ambiental. Para Cláudia Dantas, diretora escolar, a escolha de um tema específico tem um propósito claro. “Nossa escola era de Praia Seca, quase que da restinga, então, a gente tem que proteger nossos animais, nossa natureza, e homenageando a igreja, escolhi São Francisco de Assis, porque ele é o protetor dos animais, ele é o protetor da natureza”, explica.
A participação no evento também fortalece os laços da comunidade escolar. “É uma equipe bem unida, todo mundo trabalha junto, são bem animados”, conta Monique Nascimento, diretora adjunta, que vê o momento como uma oportunidade de reencontrar amigos de outras escolas. A diretora Ana Cristina Carneiro complementa, afirmando que a equipe se une “em prol de fazer um tapete bem bacana para homenagear” a cidade.
Com o nascer do sol, os tapetes já prontos encantam os moradores e visitantes, que caminham pelas ruas para admirar os detalhes de cada obra. As representações de São Francisco de Assis, em especial, reforçam a mensagem de que a fé também se manifesta no cuidado com o meio ambiente.
O ápice da celebração é a procissão. Antes de seu início, um caminho é cuidadosamente preparado, com a retirada de elementos que não são feitos de sal. Com passos lentos, a comunidade avança sobre os tapetes. Como descreve a tradição, a fé passa por cima da arte, mas não a apaga, transforma-a, unindo a cidade em uma corrente silenciosa de devoção. Mais do que uma tradição, o que se vê em Araruama é a expressão viva da fé e do senso de comunidade.
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