83% dos feminicídios no RJ foram motivados por conflitos no relacionamento, revela Dossiê Mulher
[Foto: Ilustrativa]
O Instituto de Segurança Pública (ISP) do Governo do Estado do Rio de Janeiro divulgou nesta terça-feira (10/12) a 19ª edição do Dossiê Mulher, apresentando dados atualizados sobre a violência contra a mulher em 2023. Entre os principais dados, destaca-se a redução de 11% nos casos de feminicídio, que registraram 99 vítimas no ano passado, contra 111 em 2022. Os dados também mostram uma persistente violência contra as mulheres, com 141 mil vítimas de violência doméstica no estado e um crescimento de crimes de Violência Psicológica, que se tornou a mais frequente no estado. Segundo o governo do estado do Rio de Janeiro, o Dossiê Mulher é um estudo inédito no Brasil e tem sido produzido de forma contínua há 19 anos.
De acordo com o relatório, 83% dos casos de feminicídios foram motivados por disputas emocionais. Entre os autores, 42 cometeram o crime após brigas, 20 não aceitaram o fim do relacionamento, 17 foram motivados por ciúmes e 6 por desconfiança de traição. Além disso, a maioria das vítimas era negra (62%) e tinha idades entre 30 e 59 anos. Os companheiros ou ex-companheiros são responsáveis por cerca de 80% das mortes.
O Dossiê Mulher revelou também dados sobre a violência psicológica, que superou as demais formas de agressão, com 36% de todos os casos registrados em 2023. Este tipo de violência, caracterizado por comportamentos coercitivos e abusivos, vitimou 51.019 mulheres no estado, o equivalente a 140 mulheres por dia, representando um aumento de 17% em relação ao ano anterior. Cerca de 60% das vítimas de violência psicológica tinham entre 30 e 59 anos, e metade das agressões ocorreram no ambiente doméstico.
Outro dado é o aumento de casos de violência psicológica em ambientes virtuais, com 2.157 vítimas em 2023, um aumento de 24% em relação ao ano anterior. O crime de ameaça foi o mais recorrente entre os crimes de violência psicológica, com 43.333 vítimas, o que corresponde a 85% dos casos.
No total, segundo o relatório, 67 mulheres vítimas de feminicídio eram mães, e 40 desses filhos eram menores de idade na época do crime. Em 15 casos, os filhos testemunharam a morte das mães. Em relação ao perfil dos agressores, 57% tinham antecedentes criminais, sendo que mais de 60% dos casos de violência doméstica já haviam sido registrados anteriormente.
O número de estupros também foram registrados, apresentando 4.759, com uma redução de 3% em relação a 2022. A maioria das vítimas de estupro (85%) tinha até 17 anos de idade, e 46% dos agressores eram do círculo de conhecidos das vítimas. O Dossiê também destacou o aumento das denúncias de estupros, com 59% das vítimas registrando o crime em até uma semana após o ocorrido.
*Com informações de Governo do Estado do Rio de Janeiro